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CSN é autorizada a ampliar pilhas de rejeitos em MG

É da Casa de Pedra que vem o minério de ferro que abastece os altos-fornos da Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda | Foto: Divulgação/CSN

Por Sônia Paes

Uma sessão virtual realizada na manhã de 27 de maio deste ano sacramentou o maior projeto de minério de ferro do país que suscita temor entre ambientalistas e moradores da histórica Congonhas, em Minas Gerais. Trata-se do Complexo Minerário Casa de Pedra, da CSN Mineração, aprovado pela Câmara de Atividades Minerárias, do Conselho Estadual de Política Ambiental, que autoriza a ampliação das pilhas de rejeitos "Fraile".

Na sessão, foi concedida ainda à CSN a Licença Prévia concomitante com a Licença de Instalação e Operação para a ampliação das duas pilhas, que podem chegar a 200 metros de altura. Ou seja: o equivalente a nada menos do que um prédio de 40 andares, como um daqueles arranha-céus de Balneário Camboriú, no sul do Brasil.

Nesse cenário, os 52 mil habitantes do município mineiro, onde o artista conhecido como Aleijadinho deixou a sua obra máxima, o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, temem que a 'montanha' de rejeitos desabe e atinja a barragem da Casa de Pedra. A assessoria da CSN descarta qualquer desastre.

"Na verdade, não há qualquer risco associado à implantação do projeto e possíveis inundações no município de Congonhas, sendo que o projeto em absolutamente nada influencia esse risco", informou a mineradora em nota enviada ao jornal "Correio de Minas". Outro ponto questionado por ambientalistas é o fato de que as pilhas ocuparão uma área de 200 hectares, às margens do Rio Maranhão, que corta toda a região urbana da cidade, e ao lado da barragem Casa de Pedra, que pertence a própria CSN.

O som das sirenes e o medo

Pelas ruas sinuosas e escorregadias calçadas com pedras irregulares, a comunidade tenta viver, da melhor forma, o seu dia a dia. Com os ouvidos sempre atentos, temem pelo som das sirenes, instaladas na mina e acionadas ao menor risco de acidente. Outros gravam em vídeos imagens da mineradora, como uma espécie de documentário e, dessa forma, acompanham alterações na barragem.

E não estão errados. Em janeiro de 2022, por exemplo, houve um deslizamento de terra na barragem em virtude de fortes chuvas, provocando erosão e arrastando rejeitos até leitos de rios. Na ocasião, a CSN chegou a interromper as operações de extração e movimentação na mina por causa das fortes chuvas na região.

E mais: o Ministério Público Federal (MPF) entrou com um pedido na Justiça contra a CSN por danos morais coletivos ambientais e pediu R$ 20 milhões em indenização.