O Corpo de Bombeiros informou, na manhã deste domingo, dia 23, que o incêndio no Parque Nacional do Itatiaia foi extinto na noite de sábado, dia 23. As chamas devastaram a parte alta do parque por oito dias e agentes do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) mantém o trabalho de monitoração.
A autarquia informou que 300 hectares de vegetação foram queimados, aproximadamente 280 campos de futebol. Por terra, 21 combatentes do ICMBio e Corpo de Bombeiros Militar do Rio atuaram para extinção total do incêndio, principalmente na parte subterrânea, que é mais complexa.
O combate às chamas foi feito por terra e ar. Brigadistas do ICMBio, Ibama e voluntários do Esquadrão Guará fizeram o acesso por terra.
Duas aeronaves, uma do Corpo de Bombeiros do RJ e outra do Exército Brasileiro, sobrevoaram a área e jogam água com o chamado "Bambi Bucket" (equipamento que funciona como um balde grande de água suspenso no ar).
Reserva continua fechada
A concessionária Parquetur, responsável pela administração do parque, disse que aguarda orientações do ICMBio e do Corpo de Bombeiros para reabertura da parte alta do Itatiaia. Não há data prevista para o retorno das atividades no local. Os demais espaços do parque, porém, estão disponíveis para visitação.
Na sexta-feira, dia 21, o porta-voz do Corpo de Bombeiros, major Fábio Contreiras, informou que o incêndio já estava controlado, mas ainda tinha um foco remanescente na localidade chamada Serrilha dos Cristais.
O início do incêndio
Na sexta (14), data do início do incêndio, um comboio do Exército estava estacionado próximo ao foco das chamas, como foi registrado por câmeras de segurança. A concessionária Parquetur, que administra o Parque, aguarda o resultado da perícia para investigar se o incêndio pode ter começado durante treinamento da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras).
Em nota, o Decex (Departamento de Educação e Cultura do Exército) afirmou que um foco de incêndio "foi identificado próximo à coluna de veículo", quando 415 cadetes em treinamento no parque embarcavam de volta a Resende, onde fica a Aman.
"De imediato, alguns militares desembarcaram e iniciaram o combate ao incêndio, utilizando os extintores das viaturas e meios disponíveis no momento. Contudo, devido aos fortes ventos na área e a vegetação bastante seca, o fogo se alastrou, não sendo possível sua contenção", disse o Decex.
MPF investigará caso
O Ministério Público Federal (MPF) recebeu ao longo da semana 20 representações sobre o incêndio. A quantidade de representações recebidas resultou na autuação da Notícia de Fato 1.30.008.000051/2024-52, distribuída para a procuradora da República Izabella Brant.
Na notícia de fato, o MPF colhe os elementos iniciais nos quais se baseará para instaurar investigações tanto na esfera cível quanto criminal que fazem parte da sua atribuição.
"Desde então, o MPF vem acompanhando a questão junto às instituições envolvidas obtendo a informação de que apurações administrativas também estão sendo realizadas no âmbito do ICMBio [Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade] e da Aman [Academia Militar das Agulhas Negras]", informou o MPF à Agência Brasil.
De acordo com o Ministério Público, o prazo de tramitação da notícia de fato é de 30 dias e pode levar à instauração de inquérito civil e a um procedimento de apuração criminal.
Histórico de queimadas
Antes deste incêndio, que começou há uma semana, outras queimadas já tinham o atingido o parque. O maior da história, ocorrido em 1963, durou 35 dias, e o fogo consumiu 4 mil hectares. Em 1988 o fogo destruiu 3.100 hectares e um servidor ficou desaparecido.
Em 2001, um incêndio provocado por dois turistas que se perderam e fizeram uma fogueira acabou com mais de mil hectares. A mesma área foi atingida pelo fogo em 2007 e três anos depois foram consumidos 1.200 hectares.
O Parque Nacional do Itatiaia, que é o primeiro do Brasil, completou 87 anos justamente no dia 14 deste mês, quando começou o incêndio.
O PNI protege parte importante da Mata Atlântica na Serra da Mantiqueira, espalhando-se pelo sul fluminense e sul de Minas. O PNI recebe cerca de 150 mil visitantes por ano.
