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CSN diz que 'pó preto' é efeito colateral de reforma

Anúncio foi feito pela empresa após ofício enviado pela prefeitura ao pedir cronograma | Foto: Secom/PMVR

A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) se manifestou sobre a poluição atmosférica que toma conta de Volta Redonda. Enviou uma carta ao prefeito Antonio Francisco Neto, do PP, nesta terça-feira, dia 26, detalhando o que estaria ocorrendo no interior da Usina Presidente Vargas (UPV) e, consequentemente, piorando a emissão do chamado "pó preto" no município.

O documento foi enviado ao prefeito após ele afirmar que a poeira atingiu "nível insuportável nos últimos dias". O diretor Executivo de Siderurgia da CSN, Alexandre Lyra, confirmou que as sinterizações - principal responsável pelas emissões de partículas sedimentáveis - estão sendo reformadas.

"Durante o período de execução dessas intervenções, como consequências das obras em si, pode haver alguns efeitos colaterais como aumento pontual das emissões, conforme vem sendo percebido pela população de Volta Redonda, gerando incômodo, reclamações e, inclusive, as cobranças de V. Exa., como Prefeito do município", disse o diretor por meio da carta.

A empresa afirma ainda que "até o dia 30 de junho, o reparo geral da sinterização 4 estará concluído, o que inclui a substituição de 100 placas do sistema de captação de material particulado do precipitador eletrostático".

- A reforma da Sinterização 3, que inclui a troca de 600 placas do sistema de captação, tem previsão de duração de mais 22 dias e será concluída até o dia 16 de julho. E por fim, segue em andamento a reforma da Sinterização 2, que, dada a sua maior complexidade, tem previsão de conclusão em setembro de 2024, completando assim o primeiro ciclo de reformas nas sinterizações e que será seguido de outros ciclos de investimentos significativos, a serem realizados ao longo de 2024 e 2025, no que tange ao constante aprimoramento dos sistemas de despoeiramento desses equipamentos - diz a nota da empresa.

Principal poluidor

Uma fonte ouvida pelo Correio Sul Fluminense informou que o principal emissor de particulados para atmosfera de uma siderúrgica é oriundo das sinterizações. A CSN possui três sinterizações ativas: a 2, 3 e 4. A sínter 1, foi demolida, segundo informou a fonte.

- Quando há problemas no sistema dos precipitadores eletrostáticos, onde é feita a remoção das partículas, "poeiras", elas vão em direção das chaminés das sínter. Cada sínter possui seu precipitador, se tiver defeito, falha eu avaria elétrica ou mecânica, o pó vai direto para chaminés, poluindo atmosfera da cidade - concluiu a fonte.

Cenário que se repete, sem solução

A poluição gerada pela multinacional CSN prejudica a população de Volta Redonda há décadas. Em 2018, um novo TAC (Termo de Ajustamento e Conduta), assinado entre a CSN e órgãos ambientais, prevendo investimentos da ordem de R$ 303 milhões para a empresa se adequar aos controles ambientais. O acordo vence agora em agosto e os moradores, seis anos depois, esperam os resultados.