O presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, está otimista com relação ao estudo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) sobre a viabilidade técnica, econômica e jurídica de Angra 3, que estaria com 90% pronto. O executivo prevê a retomada das obras no segundo semestre de 2025 e a conclusão da usina em 2030.
Após a análise do BNDES, feita com supervisão do Tribunal de Contas da União (TCU), o próximo passo é apresentar o documento à Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e ao Ministério de Minas e Energia (MME). E, por último, os resultados são submetidos ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Os órgãos são os responsáveis pela autorização do funcionamento da usina e aprovação da tarifa de comercialização da energia a ser gerada.
Orçamento
Com o estudo do BNDES em andamento, a Eletronuclear não informa, em valores atuais, o quanto já foi investido em Angra 3. O quantitativo informado pela antiga direção da empresa dava conta de cerca de R$ 7,8 bilhões.
Para a conclusão da usina, são estimados aproximadamente R$ 20 bilhões, que seriam aportados por meio de financiamentos. Esse valor seria para custos de engenharia, material, manutenção e pagamento de empréstimos contraídos anteriormente. Custos, aliás, que não estão zerados. Mesmo com a obra parada, cerca de 250 pessoas trabalham nos canteiros, grande parte terceirizada, em atividades de manutenção e obras acessórias.
Autossuficiente
A ideia é que a usina "se pague", ou seja, quando a instalação estiver produzindo e vendendo energia, parte da receita quitaria o financiamento.
O superintendente Zaroni detalha que 67% da obra está pronta, parcela que representa principalmente a construção civil, isto é, a parte de concreto. Em um passeio pelo canteiro cinza, é possível ver vergalhões expostos, que precisam ser revestidos para não sofrerem deterioração.
Dos equipamentos, cerca de 10% estão montados, como alguns transformadores, trocadores de calor e tanques.
Acreditando que o edital de licitação vá a público em fevereiro de 2025, Antonio Zaroni ressalta que a concorrência será internacional e rigorosa. É uma forma de evitar problemas como o do consórcio Ferreira Guedes-Matricial-Adtranz, que ganhou uma concorrência em fevereiro de 2022 para terminar ao menos a construção civil da usina, mas não apresentou qualificação técnica suficiente para executar a intervenção. O contrato foi rescindido em junho de 2024.
"O edital estará com exigências mais altas. Tem que ser empresas que já construíam projetos semelhantes. Estamos mais tranquilos", disse Zaroni.
Quando concluída, Angra 3 será a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, terá potência de 1.405 megawatts (MW) e poderá gerar mais de 12 milhões de megawatts-hora por ano, o suficiente para atender 4,5 milhões de pessoas. Com a terceira usina em atividade, a energia nuclear representará o equivalente a 60% do consumo do estado do Rio e 3% do Brasil.
Apesar da pequena participação na matriz elétrica brasileira, Zaroni destaca que, além de ser considerada limpa e cercada de procedimentos que garantem a segurança, a energia nuclear tem a vantagem de ser integral e ininterrupta.
*Com informações da Agência Brasil