Por Thomás de Paula
Integrantes do Movimento Sul Fluminense realizaram na manhã desta quarta-feira, dia 17, um protesto em frente à prefeitura de Volta Redonda. A manifestação teve como foco chamar atenção do governo municipal para a emissão do chamado "pó preto", emitido pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A ação faz parte da agenda do grupo, que antecede um ato de rua que será realizado neste domingo (21).
Na ação, que aconteceu no dia do aniversário da cidade, os integrantes do movimento cantaram "PÓrabens", uma paródia da música "Parabéns pra você" como uma forma de criticar e cobrar ações do Executivo.
"PÓrabens para você, nesta cidade encardida, muitas enfermidades e poucos anos de vida", cantaram os manifestantes. O ato contou ainda com um bolo de papelão preto com um bastão de lança fumaça e uma máscara descartável escrito "CSN". Ao final da paródia, jogaram um saco de pó preto na escadaria do Palácio 17 de Julho, mas os próprios manifestantes limparam o local.
'É cidade do pó preto'
"É uma manifestação mais simbólica, é mais para divulgar e mostrar nas redes sociais que a prefeitura também é um símbolo desse descaso e dessa complacência. Nada melhor que o aniversário da cidade", disse Alexandre Fonseca, fundador do Movimento Sul Fluminense contra a Poluição. Logo em seguida, completou: "Volta Redonda hoje não é mais a cidade do aço, e sim a cidade do pó preto. O aço foi sendo apagado da nossa história e do nosso próprio presente, nossa relação com o aço foi sendo apagada, e agora o que fica na nossa visão é sempre o pó preto".
Segundo Alexandre, o movimento pretende tomar mais atitudes para continuar protestando. "A gente quer continuar fiscalizando, já pensando em outras ações, inclusive algumas judicializações. Estamos conversando com advogados, já que eles estão utilizando essa estratégia contra a gente. Nós queremos jogar de volta e faremos mais uma assembleia para discutir outras estratégias", explicou o ambientalista, alvo de processos da CSN por calúnia, injúria e difamação.
No ato, também esteve presente José Arimathéa, pré-candidato à prefeitura de Volta Redonda e também um dos responsáveis pelo movimento. "A intenção é a gente fazer uma crítica à situação que a cidade de Volta Redonda vive hoje em relação a poluição da CSN. Então, é uma crítica criativa para chamar a atenção das autoridades e da população da situação caótica que a gente vive hoje" disse Arimathéa. E reforçou: "Nosso movimento não é contra a CSN. A gente não pede o fechamento da CSN. A gente pede simplesmente que a CSN cumpra as leis", concluiu.
MP pressiona
Há pouco mais de um mês para o vencimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que propõe as regularizações dentro da Usina Presidente Vargas (UPV), o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) emitiram uma recomendação conjunta ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para que seja concluída a regulamentação do Programa de Monitoramento de Partículas Sedimentáveis.
No documento, cobraram uma resposta do órgão ambiental em 10 dias e também foi fixado um prazo de 30 dias para o cumprimento da recomendação. Diante de eventual negativa, poderá ser movida uma ação civil pública.
*Estagiário
