Por: POR SONIA PAES

CORREIO DO VALE: Ministro defende retomada de Angra 3 em audiência

Audiência pública em Brasília debate setor nuclear | Foto: Divulhação/Eletronuclear

A novela sobre o retorno da construção da usina Angra 3 teve mais um capítulo nesta terça-feira. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, saiu em defesa das obras junto ao Conselho Nacional de Política Energética, principal instância decisória do governo no setor de energia. "Nós temos a prudência de esperar o estudo do BNDES, mas eu já adiantei ao ministro da Casa Civil que levarei, na reunião do CNPE, a defesa intransigente da continuidade das obras de Angra 3. Nós precisamos assimilar os custos, mas vamos conclui-la", disse.

 

Preconceito contra cadeia nuclear

A declaração de Silveira foi dada nesta terça-feira (13), em audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília, que contou com a presença do presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo. O ministro lamentou que existe um estigma injustificável e preconceito contra a cadeia nuclear no Brasil e levantou a importância do setor para o desenvolvimento econômico do país.

Custo-benefício

Na sequência do discurso, analisou a decisão de apoiar a retomada da terceira usina nuclear brasileira. "Não tem que discutir o custo-benefício de fazer ou não Angra 3. Essa já foi uma decisão do Brasil tomada lá atrás. Nós temos que ver como uma obra de estado e não uma obra de governo", argumentou o ministro de Minas e Energia, durante a audiência na Câmara dos Deputados.

Júlio Lopes cita exemplos internacionais no setor

Deputado federal saiu em defesa do empreendimento | Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

O deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ), presidente da Frente Parlamentar Mista da Tecnologia e Atividades Nucleares, também discursou na audiência pública e saiu em defesa do empreendimento, utilizando exemplos internacionais de investimentos no setor nuclear. Na última semana, Júlio Lopes se reuniu com Raul Lycurgo na sede da Eletronuclear, no Rio. Os dois discutiram sobre os projetos prioritários da companhia, como a retomada de Angra 3 e extensão da vida útil de Angra 1, em operação em 1985. Seus 40 anos de atividade, portanto, se completam agora em 2024.

BNDES avalia empreendimento

No momento, a Eletronuclear aguarda a finalização de estudos independentes que estão sendo realizados pelo BNDES para avaliar a viabilidade econômica do empreendimento. Os resultados desse trabalho devem ser divulgados em breve, quando serão analisados pela Empresa de Pesquisa Energética e pelo CNPE. O projeto de Angra 3 é de 1980. Na avaliação de Raul Lycurgo, muito já foi feito. Cerca de 11,5 mil equipamentos foram comprados e são mantidos dentro da Central Nuclear.

27 anos de história

No dia 1 de agosto de 2024, a Eletronuclear completou 27 anos de história, uma empresa de economia mista, criada em 1997, a partir da fusão da área nuclear de Furnas com a Nuclebrás Engenharia (Nuclen). Foi subsidiária da Eletrobras e, após a privatização da estatal, em 2022, tornou-se subsidiária da ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional). A companhia gera aproximadamente 3% da eletricidade consumida em todo o país.