Documentário sobre Jongo é gravado em Barra do Piraí

Obra tem como objetivo celebrar a expressão artística africana

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Os registros do filme serão feitos no Hotel Fazenda Ponte Alta

Por Lanna Silveira

As gravações do documentário 'Jongo: O Ritmo da Resistência' começaram em Barra do Piraí, no Hotel Fazenda Ponte Alta, durante a última semana. O projeto, idealizado pelo ator e produtor cultural Reginaldo Costa, pretende resgatar a tradição do Jongo na cidade.

A expressão artística é um legado dos escravos Bantu e nasce como um símbolo de resistência e cultura no Brasil, revelando uma história de luta, memória e identidade através das gerações.

O fio condutor do documentário é o grupo mirim "Memórias do Cativeiro". Ao integrar a dança em atividades escolares e comunitárias, as crianças do coletivo promovem a difusão e a valorização da tradição jongueira, ajudando a preservá-la para futuras gerações.

O filme pretende ser um ato de afirmação cultural, celebrando a tradição, divulgando a história de grupos marginalizados e lutando contra o esquecimento do Jongo em prol da diversidade cultural brasileira.

A iniciativa tem o patrocínio da Lei Paulo Gustavo; do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura; e da Prefeitura de Barra do Piraí, por meio da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura. O lançamento está previsto para o final do ano, com a exibição dos filmes em festivais nacionais e internacionais.

Ambientação

Barra do Piraí é uma das cidades da região sudeste com a maior herança do jongo. A expressão cultural foi trazida ao sudeste brasileiro pelos escravos africanos de origem Bantu do Congo e de Angola, encontrando no Vale do Paraíba um espaço de expressão e resistência. Essa tradição, preservada nas lavouras, tornou-se uma parte essencial da vida dos escravizados.

Preservação da arte

Reginaldo Costa é vice-presidente do Instituto Cultural Beleza Negra e possui contato com o jongo mirim por meio de eventos afro-culturais realizados em anos anteriores. Assim que a oportunidade de desenvolver um trabalho audiovisual surgiu, a abordagem do jongo foi uma de suas primeiras ideias.

Reginaldo explica que o processo de pesquisa sobre a cultura jongueira foi facilitado pelo contato prévio com o grupo 'Memórias do Cativeiro'. Para o idealizador, o foco na relação das crianças com a expressão artística será uma perspectiva diferente para a documentação do Jongo, já que a prática infantil da dança não possui muitos registros.

- Quisemos homenageá-los e mostrá-los de forma que ficasse eternizado através do audiovisual. O convite foi prontamente atendido por parte dos seus responsáveis - explicou.

O criador ainda ressalta a importância de fortalecer a tradição nas crianças, como um meio de transportar a arte para gerações futuras. "O grupo mirim transita entre valores cruciais para a nossa era virtualizada: conecta gerações, preserva saberes, aumenta a conscientização sobre a importância do patrimônio imaterial e minimiza preconceitos e opressões", conclui.