PT fecha apoio à chapa de Ferreti em Angra dos Reis

Antigos ferrenhos opositores vão caminhar juntos na eleição

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Candidato de Angra, Claudio Ferreti

Por Redação

Em uma aliança considerada até então inusitada, adversários políticos históricos de Angra dos Reis, o PT e o MDB de Fernando Jordão, selaram apoio. Motivo: tentar derrubar Renato Araújo do PL na disputa pela prefeitura.

O apoio foi anunciado agora na reta final das eleições em uma disputa para lá de acirrada. Com um orçamento bilionário, Angra, nos próximos quatro anos deve arrecadar mais de R$ 15 bilhões entre royalties e ICMS sobre o petróleo.

Revezamento de poder

O PT e o MDB se revezam no poder do Executivo há décadas. O PT controlou a prefeitura de Angra de 1989 até 2000. Em 2001, Fernando Jordão foi eleito para seu primeiro mandato, se reelegendo e depois elegendo seu primo, Tuca Jordão. Em 2012, o PT volta ao poder, elegendo Conceição Rabha ao cargo de prefeita.

Em 2016, Fernando Jordão ganha as eleições contra o PT e passa a exercer o seu 3º mandato de prefeito, se reelegeu em 2020, e agora ele se une ao PT para emplacar o seu ex-secretário de obras dos primeiros dois mandatos de Jordão.

Acusado de fraudar licitações

Nessa época, Ferreti ficou foragido da Justiça por 39 dias, acusado de fraudes em licitações, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, num processo em que ele responde até os dias atuais, conhecido pela população como "Cartas Marcadas" e que ainda tramita na Justiça e atualmente, o Ministério Público Criminal pede a condenação do candidato do MDB, nas penas do artigo 317 do Código Penal.

Ferreti também ocupava o cargo de secretário de Governo neste quarto mandato de Fernando Jordão. A escolha do seu nome revoltou a família Bolsonaro, já que a mulher de Jordão, que hoje é deputada estadual pelo PL, foi eleita sob a bandeira bolsonarista e, nesse acordo não havia um indiciado como o escolhido para ser o candidato a prefeito de Angra dos Reis.

Bolsonaro assume PL

Com a entrada do ex-presidente Jair Bolsonaro na política local, destituindo toda diretoria do PL no município e indicando o empresário Renato Araújo como candidato 100% apoiado pelo ex-presidente e seus filhos, o senador Flávio, o deputado federal Eduardo e o vereador Carlos, fez com que Fernando Jordão partisse para o vale tudo, costurando com o ex-prefeito de Angra, ex-deputado federal e ex-ministro Luiz Sérgio da Nóbrega do PT, o acordo de apoio a Ferreti contra o candidato da direita em Angra.

A intenção era de que o apoio ficasse às escondidas, já que formalmente o PT não faz parte da coligação de Ferreti. No entanto, Jane Moté, presidente da Federação Brasil da Esperança, composta pelo PCdoB presidido por ela e PT, tornou o apoio público, declarando que o PT seguia com o MDB de Ferreti e o PCdoB com o União Brasil de Venissius.

A declaração de Jane Moté caiu como uma bomba entre os petistas de carteirinha, que foram apaziguados por Lindbergh Farias e Gleissi Hoffman, durante a plenária do partido.

Durou pouco tempo, o clima ameno quando o próprio presidente do diretório do PT angrense, Alexandre Klippel, emitiu nota pública repudiando o candidato do União Brasil apoiado pelo PCdoB e defendendo Ferreti do MDB com a justificativa de que o apoio a Ferreti seria um 'apoio critico'.

Um militante histórico do PT saiu enfurecido pelas ruas da cidade, afirmando categoricamente que "vão empurraram goela abaixo o apoio ao Ferreti, ou seja, passaram por debaixo dos panos tal acordo, numa reunião do diretório, que sabemos muito bem como funcionou", ele também reclamou em grupos de WhatsApp, mas depois foi 'orientando' a apagar as mensagens.