Linha férrea: Drable pede audiência com ANTT em BM

Prefeito quer direcionar linha que liga até Angra para o turismo

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Rodrigo Drable afirma que concessionária estaria impedindo a readequação ferroviária

Por Ana Luiza Rossi

O prefeito de Barra Mansa, Rodrigo Drable, participou, na última sexta-feira (11), de uma audiência pública com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) no Rio de Janeiro. A pauta seria para discutir a renovação do contrato da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), operada pela VLI Multimodal, por mais 30 anos, mas, Drable colocou a atuação da concessionária em dúvida após apresentar o panorama na cidade e pediu uma nova audiência, desta vez, em Barra Mansa.

Em entrevista exclusiva ao Correio Sul Fluminense, o prefeito destacou que há dois problemas graves que afetam a cidade. Entre eles, a linha concedida à VLI que liga Barra Mansa até Angra dos Reis que há pelo menos 27 anos, segundo Drable, é negligenciada pela empresa. Devido o suposto abandono, a área foi alvo de ocupações irregulares. "Pegaram um patrimônio, abandonam e o tornaram inservível para uso. Então ele tem que ser precificado e a concessionária devolver esse valor à União", disse.

Outro ponto é com relação a obra de readequação ferroviária de Barra Mansa. O projeto está há 20 anos sendo desenvolvido - cujos recursos são obtidos por emendas solicitadas pela bancada da Alerj - e agora chegou em sua última etapa. A obra foi paralisada há alguns anos e foi retomada em 2020, por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público Federal (MPF), a Prefeitura de Barra Mansa, as empresas de logística MRS e VLI, e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

Na audiência com a ANTT, no entanto, o prefeito afirmou que a VLI supostamente estaria intervindo na obra ao impedir o acesso a trechos e, que isso, seria para barganhar o processo de renovação antecipada da concessão. Ainda segundo Drable, a atitude da empresa traria danos à prefeitura.

- É um somatório de ações imorais, e atentatórias ao interesse público, causando dano ao erário. Lembrando que quando uma obra é paralisada ou atrasada ela gera custos de mão de obra ociosa e tem que ser suplementada por aditivos que serão pagos por recursos públicos - disse.

Linha pode retomar vocação turística

O prefeito ainda afirmou que com as discussões quer incluir os moradores dos bairros como a Vista Alegre e Roberto Silveira, diretamente impactados pela poluição sonora, como também discutir sobre a mobilidade da cidade que é afetada pela linha. Drable quer o desenvolvimento de algum projeto no local. "Seja o retorno da atividade ferroviária com o trem de turismo ou mesmo que seja feita uma ciclovia turística ao longo do percurso até Angra", explicou.

O Correio Sul Fluminense entrou em contato com a assessoria de imprensa da VLI sobre as alegações do prefeito Rodrigo Drable e a concessionária afirmou que não irá se pronunciar sobre o tema.

Angra apoia reativação

Em 2021, o prefeito Fernando Jordão, de Angra dos Reis, também pediu à ANTT a recuperação imediata da ferrovia. Na época, o argumento também foi voltado para o fomento do turismo com o retorno do trem, assim como foi feito no trecho Behring-Varginha, em Minas Gerais, por meio de uma deliberação publicada no Diário Oficial da União no mesmo ano.

- Não podemos esperar por uma possível devolução do trecho pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), por meio de contrato, pois isso pode demorar ou nem acontecer. Defendemos que a ANTT, por meio de deliberação, faça com que a FCA recupere o trecho, ao invés de devolver o recurso para a União - afirmou Jordão, em 2021.