'Outubro Rosa': prevenção e a vida depois do diagnóstico

Tatuadora compartilha experiência com outras mulheres em redes

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Cínthia é tatuadora há 17 anos

Por Lanna Silveira

A campanha do 'Outubro Rosa', dedicada a conscientizar a sociedade sobre o câncer de mama, inspira que a discussão sobre a prevenção e a vida após o diagnóstico seja promovido por pessoas e organizações durante o mês - especialmente, entre mulheres que estejam em tratamento. Esse é o caso de Cínthia Alvim Rosa, tatuadora de Volta Redonda, que compartilha sua rotina com o câncer de mama com seu público, nas redes sociais.

Com posts e stories falando sobre consultas, sessões de quimioterapia e até mesmo sobre as perucas e adereços rosas que utiliza em alusão à campanha, a tatuadora aborda o assunto com leveza e, ao mesmo tempo, sem subestimar a seriedade da doença.

Cínthia, que tem 39 anos de idade, descobriu o câncer em julho deste ano, iniciando o tratamento quimioterápico no dia 1° de outubro - coincidindo com o início da campanha do Outubro Rosa. A tatuadora conta que não se lamentou após receber o diagnóstico, explicando que já antecipava a probabilidade do desenvolvimento de câncer devido a histórico familiar.

Além disso, Cinthia explica que, após vivenciar o luto pela morte de uma de suas filhas, passou a enxergar os acontecimentos da vida com menos pessimismo. "Enfrentar uma dor dessa faz você achar que vai morrer junto, e quando você supera esse luto você sai outra pessoa. A coisa mais séria que eu poderia ter passado na vida, eu já passei; não morri, e tô aqui. As outras coisas não têm mais relevância pra mim", acrescenta.

Após receber o diagnóstico, Cinthia, que já utilizava o Instagram como uma forma de divulgar seu trabalho, decidiu compartilhar também o desenrolar de seu tratamento e sua vida lidando com o câncer de mama. Seu objetivo é mostrar para os clientes que o câncer de mama não é, necessariamente, debilitante, demonstrando que ainda é capaz de dar continuidade a sua carreira e seguir buscando crescimento profissional.

Arquivo - Cínthia Alvim - O diagnóstico foi recebido em julho deste ano

Tratamento e conscientização

Antes de iniciar a quimioterapia, Cinthia temia se tornar uma paciente sem energia e perspectiva por conta de depoimentos que conhecia sobre os efeitos do câncer de mama. Entretanto, após ter contato direto com o tratamento e conviver com outras pacientes, ela afirma ter percebido que o método quimioterápico atual não tem a mesma agressividade de antigamente, com efeitos comuns como náusea e cansaço se tornando menos recorrentes.

- Quando o diagnóstico é confirmado, até passamos por uma pequena cirurgia que introduz um catéter, que leva a medicação direto para a corrente sanguínea, para causar menos danos ao nosso organismo - explica, dizendo ainda que os avanços no tratamento do câncer contrariam a noção de que receber o diagnóstico é uma "sentença de morte".

A tatuadora reforça a importância de que as recém diagnosticadas saibam que é possível seguir uma rotina normal com o câncer de mama, salvo em casos graves. Ela também considera fundamental não se basear em experiências de outras pessoas, pois a dificuldade na resposta ao tratamento varia de acordo com o tipo de câncer e do organismo de cada paciente.

- Antes de se desesperar, converse com o médico que tiver acompanhando, ouça tudo. Ouça a equipe e espere os exames ficarem prontos, pois um organismo saudável tem 50% de chance de sucesso a mais, e oferece diferença no tratamento e até nas restrições. Eu, por exemplo, tenho muita permissão de coisas para fazer enquanto paciente, por ter os exames de imunidade intactos. Achei que não ia mais comer fritura, por exemplo, e tenho permissão pra comer um pouco. Posso fazer de tudo um pouco devido à minha saúde - explica

Para Cínthia, toda a discussão levantada durante o Outubro Rosa é importante para mostrar as diferentes realidades de cada diagnóstico, ressaltando o valor de manter os exames de rotina em dia - independente da idade - e, por fim, tranquilizando mulheres com uma perspectiva de cura e de vida normal durante e após o fim do tratamento.

- Hoje, as chances de cura da maioria dos casos de câncer de mama em estágio inicial estão acima de 90%. A cura é praticamente certa e a jornada melhorou demais, seja no SUS ou no particular", conclui.