Em Volta Redonda, os mais de 5 mil inscritos no Enem, junto a cerca de 40 estudantes do Movimento Ética na Política (MEP), trabalharam o tema "Desafios para a valorização da herança africana no Brasil" na redação do exame, aplicada no último domingo (3). Os professores do Pré-Vestibular Cidadão do MEP comemoraram a escolha do tema, afirmando que a possibilidade da abordagem da cultura africana e de preconceitos étnicos tiveram destaque durante as aulas. "Pontuei bastante a importância da cultura. Ocorreram muitos casos de racismo recentemente e esse tema fará os jovens refletirem", disse Juliana Lima, especialista em redação.

A professora Jéssica, historiadora, também se mostrou animada com o tema escolhido. "Trabalhei com eles, várias questões, dentre elas o livro 'Um defeito de cor'; um romance usado como enredo da Portela esse ano, no carnaval. A história da personagem principal perpassa por períodos históricos, e eu sempre utilizava um trecho ou outro em sala", contou a professora. A professora de Português, Tânia Bentes, reforça que a filosofia do MEP estimula o pensamento crítico e o olhar sobre as possíveis dificuldades enfrentadas por grupos sociais.

Os professores do projeto entram em consenso sobre a importância de se levantar a discussão proposta pelo tema. Marcele Lopes, que leciona Redação, frisa que o Brasil tende a desconsiderar memórias de origem africana. "Um caminho possível (para abordar esta cultura) é dialogar com disciplinas de História e Geografia e resgatar as diversas reminiscências quilombolas pelo Brasil", pontua. Alexandre Batista, professor de redação, acrescenta que o Enem seguiu sua linha de tratamento do texto neste ano, escolhendo um tema social de relevância.