Com a proximidade das festas de fim de ano, o aumento do consumo se torna inevitável: presentes de Natal, lembrancinhas de amigo secreto, produtos para compor a decoração de casa, roupas e calçados novos para usar nas festas, entre outros itens de última hora. Diante de todos os gastos deste período, o planejamento financeiro é uma ferramenta essencial para manter o equilíbrio financeiro.
Dados divulgados em novembro pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostraram que o endividamento da população atingiu 76,9% das famílias brasileiras em outubro deste ano, e a inadimplência voltou a crescer, chegando a 29,3% no mês, a maior taxa desde outubro de 2023, sendo o dado ainda mais alarmante quando se trata das famílias mais pobres, onde a inadimplência avançou a 37,7%.
O contador Joaquim Barbosa Pereira, professor do curso de Ciências Contábeis da Estácio, destaca a importância de controlar o fluxo de caixa (entradas x saídas de recursos) ao longo do ano para evitar o acúmulo de dívidas durante as compras de Natal. Ele alerta que o parcelamento, comum nessa época, pode gerar falsas impressões sobre o impacto no orçamento. "O perigo das compras pagas em várias vezes é que as pequenas parcelas, somadas aos gastos cotidianos, geram um montante elevado de desembolsos mensais. A dica é focar no total das parcelas e no quanto elas comprometerão o orçamento", aconselha.
Pereira reforça que o planejamento financeiro deve considerar também as despesas sazonais do início do ano, como as férias e os impostos. Ele aponta ainda que estabelecer um limite de gastos só é possível com um controle detalhado do fluxo de caixa, o que permite utilizar o 13º salário com responsabilidade e evitar endividamentos. Além disso, sugere cautela nas promoções de fim de ano, especialmente nas compras parceladas, levando em conta que os anunciantes frequentemente divulgam apenas o valor da parcela e não o preço total do produto. "O consumidor pode pagar caro no final. Sempre avalie a compra à vista com desconto para evitar juros embutidos nas parcelas", indica.
Golpes
Do ponto de vista do direito do consumidor, o professor Paulo Sérgio Rizzo, especialista em Direito do Consumidor da Estácio, traz orientações sobre como os consumidores podem se proteger de golpes, especialmente em compras online, já que os golpes se tornam mais frequentes nessa época. "Para evitar fraudes, o consumidor deve estar atento a ofertas excessivamente vantajosas, sites sem certificados de segurança, páginas sem informações claras sobre a empresa e formas de pagamento que oferecem poucos meios de rastreamento, como boletos ou depósitos bancários diretos", explica.
Entre as recomendações para evitar fraudes estão verificar a reputação da loja em sites de reclamação e evitar clicar em links suspeitos recebidos por mensagens ou redes sociais. Além disso, Rizzo orienta sobre o que fazer caso o consumidor caia em um golpe: "É essencial registrar um boletim de ocorrência e tentar cancelar a transação com a instituição financeira, especialmente em pagamentos com cartão de crédito. Dependendo da situação, pode ser necessário buscar orientação jurídica especializada".
Ele ressalta, ainda, que um advogado especialista pode ser acionado sempre que o consumidor sentir que teve seus direitos violados em uma relação de consumo. Isso inclui casos de produtos defeituosos, cobranças abusivas, propaganda enganosa e negativa de trocas ou devoluções.