Por: Ana Luiza Rossi

Fernando Jordão defende a conclusão da usina Angra 3

Jordão afirma que conclusão é essencial pelo desenvolvimento da cidade e do país | Foto: Divulgação

O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão, em clima de transição para passar o bastão para Claudio Ferreti concedeu entrevista exclusiva ao Correio Sul Fluminense para falar sobre sua gestão à frente do Executivo, que ele comandou por dois mandatos. Para abrir a conversa, um assunto de pertinência nacional: a conclusão das obras da usina nuclear Angra 3.

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu adiar a decisão sobre a retomada das obras para janeiro de 2025 que, de acordo com Jordão, reflete a necessidade de alinhar agendas estratégicas, especialmente com a participação do presidente Lula.

- A conclusão de Angra 3 é essencial não apenas para a geração de empregos e o desenvolvimento econômico da cidade e do país, mas para consolidarmos uma matriz energética limpa e sustentável, frente às urgências das mudanças climáticas. O período de paralisação da obra já trouxe prejuízos significativos. Não podemos deixar que esses danos se prolonguem - disse.

Questionado se Ferreti deve manter esse posicionamento, Jordão afirma que acredita que o prefeito eleito compartilha da mesma visão. "Naturalmente, ele terá sua forma de abordar e liderar essa questão, mas acredito que estará alinhado com o objetivo de destravar e viabilizar um empreendimento tão crucial como este".

Balanço

Mas claro que para todo final de governo, houve um começo. E foi assim que Jordão relembrou de sua primeira gestão: como um momento de "arrumar a casa".

- A Prefeitura estava com quatro folhas de pagamento atrasadas e os servidores, em greve. Foi preciso organizar as finanças, ver o que era mais necessário naquele momento para fazer o município voltar a andar. A partir daí, focamos principalmente no fortalecimento dos serviços essenciais de saúde, segurança, educação e obras de infraestrutura nos bairros - lembrou.

Energia elétrica

Um dos pontos mais sensíveis de sua gestão foi com a instabilidade da energia elétrica na cidade, da qual a concessionária Enel é responsável. O prefeito afirmou, no entanto, que fez sua parte. Desde 2022, a prefeitura trabalha para responsabilizar judicialmente a empresa pela má prestação de serviço que, infelizmente, não está perto de ser resolvido.

- Estive reunido com mais de 50 prefeitos fluminenses também insatisfeitos com a Enel para cobrar melhorias. Na ocasião, foram protocolados três documentos contra a concessionária: uma carta de repúdio, uma petição civil pública conjunta e um manifesto ao Ministério de Minas e Energia e à Agência Nacional de Energia Elétrica. Ou seja, este é um problema crônico, que afeta não só Angra - destacou.

Tragédia no Bracuí

Outro ponto lembrado e vivenciado por Jordão foi uma das maiores tragédias da cidade. Uma forte chuva forte atingiu a região do Bracuí em dezembro de 2023 e matou duas pessoas, desalojou 300 e atingiu cerca de 3.600 residências. Para enfrentar o período de chuvas, iniciou uma obra de aproximadamente 14 mil metros de enrocamento de pedra, além do desassoreamento de quase 140 mil metros cúbicos do leito do rio Bracuí.

- Neste mês de dezembro, às vésperas do início da temporada de chuva, o Ministério Público Federal pediu e a Justiça Federal embargou a parte do enrocamento, que estava com 40% do serviço concluído. A Prefeitura respeita e cumpre a decisão da Justiça, mas eu considero uma temeridade - disse Jordão.

O prefeito explicou que sem o enrocamento, o desassoreamento do rio terá que ser constante para evitar novos alagamentos, porque a água vai bater na margem do rio, assoreando e fazendo com que transborde novamente. "Isso é perda de tempo e de recurso público. Esperamos que essa situação seja resolvida o mais rápido possível", destacou.

Saúde, educação
e segurança

Já nos últimos quatro anos, Jordão ressaltou que conseguiu tirar do papel projetos nas principais áreas e aprimorar serviços básicos, como na Saúde. Entre os destaques, o serviço de oncologia no Hospital Municipal da Japuíba, a implantação do mutirão de cirurgias de catarata, o aumento da cobertura da Atenção Primária de 33% para 89%, além de inaugurar o Complexo de Saúde da Mambucaba. "Com capacidade para 500 atendimentos diários e integração de Clínica da Família, ambulatório médico de especialidades, UPA e farmácia 24h, tudo num só lugar", acrescentou.

Outro ponto destacado foi sobre a educação. Foram cerca de seis novas escolas, com aumento de 21 mil vagas em 2021 para 31 mil em 2025 na rede municipal, além da criação do Cartão Educação, que beneficia 24 mil alunos e injeta mais de R$ 30 milhões na economia do município. Ainda, no início deste ano, houve a implantação do programa Angra, Cidade da Educação, com investimentos de R$ 46 milhões em ações de valorização e melhoria permanente do ensino e das condições de trabalho.

Já com relação a segurança, segundo Jordão, foram mais de R$ 165 milhões em investimentos na área, além de parcerias com as polícias e até uma participação no evento de segurança do BRICS, na Rússia, em 2023.

Em índices, os roubos de rua e de veículos caíram para 89% de 2017 a 2024; já os homicídios dolosos, quanto há intenção de matar, caíram cerca de 80%. Também foi criado o CIOSP (Centro Integrado de Operações de Segurança Pública), entregues novas viaturas e 16 novas unidades policiais, em parceria com o Governo do Estado, que inclusive, instalou no Parque Mambucaba a primeira base do Programa Bairro Presente.