Professores de Resende entram em greve por 24 horas

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Ato foi organizado pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) de Resende

Os professores da rede municipal de Ensino de Resende entraram em uma greve de 24 horas nesta terça-feira (3), com o objetivo de reivindicar a revogação da decisão da Secretaria Municipal de Educação (SME) em aumentar a carga horária da categoria sem oferecer aumento salarial. A liberdade das escolas e dos profissionais da educação em planejar a matriz curricular anual também teria sido reduzida pelo poder público. A greve, que no momento ainda não envolve paralisação, pode se estender por mais dias a partir do posicionamento da SME sobre os pedidos dos educadores e de novas reuniões entre a categoria.

Segundo Daysiane Alves de Oliveira, coordenadora geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe) em Resende, o movimento grevista conseguiu se reunir com a equipe da SME ainda na terça-feira. A Secretaria, entretanto, não teria se comprometido a estudar ou promover mudanças na matriz curricular das escolas e na carga horária dos professores em 2025. Daysiane afirma que uma nova assembleia será realizada entre os professores que aderiram a greve para avaliar se as reivindicações serão cumpridas e se será necessário estender a greve e promover a paralisação da categoria.

O Correio Sul Fluminense entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação de Resende para esclarecer o teor das novas propostas e o diálogo do poder público com os grevistas. Não houve retorno até a publicação desta reportagem.

Entenda o ato

De acordo com uma carta aberta divulgada pelo Sepe, o cálculo do tempo de trabalho dos profissionais da educação passará a considerar os minutos de aula, e não os "tempos de aula", como funciona atualmente. A partir da mudança, os professores terão uma dívida de 8 horas e 20 minutos de trabalho.

Ainda segundo o Sepe, a nova determinação estaria em desacordo com a a Lei Federal 11.738 de 2008, o novo Estatuto e Plano de Carreira do Magistério de Resende (Lei 3075 de 2014), e o Parecer do Conselho Nacional de Educação de 2012, que definem que a carga horária da categoria deve ser dividida entre, no máximo, 2/3 de atividades interativas com os educandos (horas-aula), e 1/3 para planejamento de aulas, estudo, correção de atividades e participação de reuniões pedagógicas.

- Um professor com jornada de trabalho de 20 horas-aula semanais deve cumprir 13 tempos em sala de aula, independente se a aula tiver 45 ou 50 minutos, e 7 horas-aula para planejamento - explica o Sindicato.

A categoria também demonstra insatisfação com as futuras mudanças na matriz curricular, que reduzirão o tempo de aula de algumas disciplinas e restringirá a liberdade das escolas no planejamento para cada matéria da grade curricular. "A atual proposta também "engessa" as escolas na medida em que torna obrigatórios os projetos pedagógicos em Matemática Fundamental e Interpretação Textual, retirando das escolas a flexibilidade que havia quanto à escolha dos projetos. Cada escola, de acordo com suas especificidades, poderia colocar o projeto que mais atenderia aos alunos", alega o Sindicato.