Por Lanna Silveira
A paralisação de mais de três anos do Serviço de Pronto Atendimento do Conforto, conhecido popularmente como Cais Conforto, continua sendo alvo de reclamações de moradores do bairro e de áreas próximas.
O espaço foi fechado em julho de 2022 para a realização de obras em sua estrutura. A previsão inicial de duração das reformas era de dez meses; entretanto, a obra foi interrompida pela necessidade de fazer algumas alterações no projeto original. Segundo informações da Prefeitura, as mudanças aumentaram o custo da obra em quase 50%, causando problemas burocráticos e financeiros que afetaram a continuidade do processo.
Em agosto de 2023, foi divulgado que o serviço estava em fase final e seria entregue em outubro do mesmo ano. Entretanto, houve um novo atraso, que não foi justificado pelas entidades responsáveis.
Em novembro do último ano, o prefeito Antonio Francisco Neto afirmou que as reformas do Cais já estavam concluídas em uma entrevista ao radialista Dário de Paula. Para justificar o atraso da reabertura do espaço, Neto explicou que a Prefeitura precisaria gastar cerca de R$ 600 mil mensais para a contratação de toda a equipe que atuaria no local e, devido ao alto custo da operação, seria necessário conversar sobre os próximos passos a serem tomados com o futuro secretário de Saúde. Nesta época, Neto havia sido reeleito há pouco mais de um mês e o nome que assumiria a Secretaria de Saúde ainda estava indefinido.
Na ocasião, o prefeito também garantiu que o espaço voltaria a funcionar até o final de 2024 - promessa que não se concretizou.
O Correio Sul Fluminense entrou em contato com a Prefeitura de Volta Redonda para perguntar se existe uma previsão para que o Cais Conforto seja reinaugurado e se existem novas justificativas para a demora na retomada de seu funcionamento. Em nota, a Prefeitura informou que a definição dos profissionais que prestarão serviço na unidade está em andamento e que, em breve, datas definitivas serão divulgadas.
Insatisfação
O atraso das obras e a paralisação das atividades do Cais do Conforto são alvos constantes de reclamações dos moradores do bairro, que se sentem prejudicados em situações em que precisam de atendimento médico imediato. A página oficial da unidade no Facebook contém apenas questionamentos de moradores e políticos sobre o andamento do projeto.
O morador Alexandre Fonseca afirma que costumava usar o Cais mesmo tendo plano de saúde em momentos de urgência, pois sofre de picos de pressão que precisam ser atendidos rapidamente. Além de não contar mais com uma unidade de saúde próxima a sua casa, ele conta que o fechamento do espaço também gera inconveniências a visitas.
- Há pouco tempo, uma amiga aqui em casa precisou ser atendida e tivemos que nos deslocar até ao Cais do Aterrado para sermos atendidos. Sorte que não era nada tão emergencial, mas mesmo não estando cheio demoramos bastante para ser atendidos. Imagino que a demanda que poderia estar sendo atendida no Conforto está indo para esses outros espaços e os sobrecarregando, tendo em vista que o Cais aqui era bastante utilizado - comenta.
Alexandre, que possui um perfil no Instagram dedicado a divulgar reclamações de moradores sobre problemas na cidade, constata que é comum receber reclamações de outros moradores do bairro sobre a demora para reabrir o Cais, mas a falta de uma associação de moradores dificultou que uma mobilização fosse organizada entre a comunidade para reivindicar a volta do serviço.
O morador Gabriel Carota também optava pelo uso do Cais pela proximidade a sua casa. Durante o período de interdição, Gabriel teve dengue em duas ocasiões e precisou buscar o atendimento nos postos de saúde dos bairros Eucaliptal e 249, que eram as opções mais próximas.
Gabriel, que costuma aproveitar postagens sobre o assunto em redes sociais para fazer reclamações, acredita que a falta de clareza da Prefeitura quanto ao andamento da retomada do serviço indica um "abandono" do poder público, acrescentando que todos os processos da interdição e das reformas foram feitos sem avisos ou manifestações dos órgãos responsáveis à comunidade.
A moradora Maria Eva chama atenção para a necessidade de um atendimento de fácil acesso para a população idosa do bairro, que precisa de atendimento médico com mais frequência e se beneficiaria com a reabertura do Cais. "Desde que fechou, já tive dengue duas vezes, já quebrei o pé e poderia ter ido (no Cais Conforto) e tive que ir lá pro Hospital São João Batista, porque é mais perto da minha casa. É muito difícil e tá demorando demais", conclui a moradora de Volta Redonda.