AGU aposta em volta de obras de Angra 3, mas projeto divide opiniões

Na opinião do advogado-geral da União, Jorge Messias, o acordo firmado entre o governo federeal e a Eletrobras facilitará a retomada das obras da usina nuclear Angra 3. Segundo ele, agora a Eletronuclear, responsável pela operação das usinas de Angra 1 e 2, "terá condições de elaborar um novo projeto para a retomada do projeto, com a "cooperação da Eletrobras ou de outra companhia interessada". As afirmações foram dadas ao jornal Valor Econômico, divulgadas nesta quarta-feira (05).
No entanto, a retomada da Usina Nuclear de Angra 3 divide opiniões. As obras, iniciadas na década de 80, foram interrompidas em 2015. O empreendimento, na Costa Verde do Rio de Janeiro, já avançou 66%, mas depende do aval do CNPE, que adia a decisão.
- A gente está dependendo dessa reunião do Comitê de Política Energética. O Comitê Nacional de Política Energética está programada para agora, no começo de dezembro. E aí, com isso, a gente espera ter o sinal verde para a retomada da obra. Essa potência instalada de Angra 3 é mais ou menos a potência de Brasília e Belo Horizonte durante o ano inteiro - afirmou o Superintendente de operações de Angra 3, Luciano Calixto, ainda no ano passado.
No interior do Estado do rio, outra expectativa sobre a obra diz respeito a geração de empregos. A previsão é de geração de 7 mil vagas, diretas e indiretas, durante a obra, sem contar a contratação de cerca de 450 funcionários para operação da unidade.
Mas a conclusão da nova usina de geração de energia nuclear também enfrenta críticas. Entre as vozes destoantes está o professor da Universidade Federal de Pernambuco, Heitor Scalambrini Costa:
"Existem muitas críticas em relação às obras de Angra 3, mas as principais têm a ver com problemas técnicos de um projeto arcaico, obsoleto, do ponto de vista tecnológico, com equipamentos adquiridos há mais de 30 anos, além dos altos custos para sua finalização, o que representa um custo final da energia nuclear de 4 a 6 vezes os custos das fontes renováveis de energia, o que certamente será o consumidor que terá que pagar."
O especialista também alega que não há necessidade de energia nuclear para a geração de eletricidade no Brasil:
"O Brasil não tem nenhuma necessidade de energia nuclear para produzir eletricidade. Não existe uma fonte de energia que só tenha vantagem. Não há energia sem controvérsias, mas a nuclear, pelo poder de destruição que tem sob qualquer vazamento de radiação, não deve ser utilizada para produzir eletricidade".
O valor já investido em Angra 3 alcança quase 12 bilhões de reais. E, para a conclusão, ainda serão necessários mais R$23 bilhões, a serem financiados por um consórcio de bancos, capitaneados pela Eletronuclear, estatal que administra e opera as usinas nucleares no país.
*Com informações da Agência Brasil.