Prefeituras se preparam para mudanças climáticas
Prevenção municipal busca minimizar danos dos fenômenos

Por Lanna Silveira
As recentes mudanças climáticas que impactam o Brasil inteiro estão aumentando a proporção de fenômenos comuns, como tempestades e ondas de calor, fazendo com que as suas consequências na vida da população sejam de maior gravidade. Com a ocorrência constante de alagamentos que causam inundações e perdas materiais, deslizamentos de encostas onde estão instaladas casas, e temperaturas que não conseguem ser suportadas em ambientes sem climatização, especialistas sobre meio ambiente e questões climáticas esperam que as gestões públicas tenham uma preparação melhor para prevenir e reduzir os danos dessas ocorrências.
O meteorologista Renato Gonçalves confirma que mudanças nos padrões climáticos estão ocorrendo por consequência de atividades humanas, o que resulta no aumento da frequência e intensidade de desastres naturais. O profissional enfatiza, entretanto, que também existem efeitos silenciosos das mudanças climáticas, como a propagação de doenças. "Doenças transmitidas por mosquitos, como dengue e malária, têm aumentado. Além disso, essas doenças estão aparecendo em cidades onde antes não havia mosquitos, porque as condições climáticas não eram favoráveis, mas agora são", acrescenta.
Renato afirma que o enfrentamento das mudanças climáticas deve ser feito por meio do investimento na redução das emissões de fases de efeito estufa e da adaptação dos municípios ao clima real, seus efeitos e possíveis consequências. Ele aponta que a ferramenta a ser utilizada pelas gestões públicas é a chamada 'governança climática', que consiste em mecanismos e processos pelos quais a população gerencia e responde às mudanças climáticas. Isso inclui a formação de políticas públicas específicas para lidar com os impactos do clima, a implementação de estratégias de adaptação e mitigação e a coordenação entre o governo, os setores econômicos e demais atores sociais.
Na análise do meteorologista, a maioria dos municípios brasileiros não aplica a governança climática ou mesmo está preparada para atender as demandas atuais em casos de desastres naturais. Renato aponta ainda que muitas cidades sequer possuem um monitoramento climático para entender a caracterização do tempo local. "Aquilo que não é medido, não pode ser gerenciado", pontua, acrescentando que é essencial que as Prefeituras promovam estudos das vulnerabilidades e dos potenciais riscos de cada área municipal, elaborando linhas de ação a partir disso.
Ação municipal
O Correio Sul Fluminense entrou em contato com as prefeituras de Volta Redonda e Barra Mansa para conversar sobre o planejamento municipal em relação às mudanças climáticas.
A Prefeitura de Barra Mansa informa que a Defesa Civil municipal realiza um mapeamento anual o das áreas de risco municipais, em relação a inundações e alagamentos. Sobre as famílias instaladas nessas localidades, a Prefeitura afirma que não há previsão de remanejamento pois não estão sobre grande impacto. Caso haja necessidade de evacuação, o governo municipal oferta o aluguel social a essas famílias.
Em relação às encostas, foi informado que existe um projeto em andamento executando obras de contenção que, no momento, abrangem a Rua Santa Bárbara, na Vista Alegre; Rua Elias Geraidine, no Ano Bom; Rua Melquior Porto Nunes, no Verbo Divino; e Rua Projetada, no Morro do Cruzeiro.
Com relação aos trabalhos de drenagem, a Prefeitura aponta que o Saae/BM tem atuado em diferentes localidades do município para mitigar os transtornos causados pelas chuvas. Entre os trabalhos realizados recentemente, está a construção da nova rede de drenagem na Rua da Imprensa, no bairro Santa Rosa, e a drenagem na servidão entre as ruas D e Belo Horizonte, no bairro Getúlio Vargas.
Também foi citado, em nota, o projeto de reflorestamento de diversas áreas do município que está em andamento desde 2022. O programa 'Disque Mudas' visa estimular a arborização e o reflorestamento, além de prevenir e compensar danos causados por incêndios. Atualmente o programa possui mudas disponíveis para a doação, que são cultivadas no Parque Natural Municipal Carlos Roberto Firmino de Castro (Horto Municipal).
Outras iniciativas citadas pela Prefeitura foram o Programa Limpa Rio Máquinas, que realiza a limpeza e manutenção de leitos e margens dos rios para prevenir enchentes; o Programa Limpa Rio Margens, que foca na estabilização das margens e na prevenção de erosões; e a Barragem do Rio Barra Mansa, que está sendo desenvolvida, e visa controlar as cheias e minimizar impactos das enchentes.
A Prefeitura de Volta Redonda afirma que sua Defesa Civil também realiza o monitoramento das alterações climáticas e das previsões do tempo, coordenando ações preventivas e emergenciais. Para aumentar o plantio de árvores, a Secretaria de Meio Ambiente está trabalhando na recuperação do viveiro do município, que já conta com 600 mudas de plantas nativas da Mata Atlântica. O governo municipal também afirmou investir em obras de contenção de encostas, recuperação e construção de sistemas de drenagem pluvial, por meio da Secretaria de Obras e do Fundo Comunitário de Volta Redonda.
Uma das reclamações recorrentes da população da cidade durante os períodos de fortes chuvas é a ocorrência constante de quedas de luz. Segundo a Prefeitura, o poder público mantém contato regular com a empresa Light, concessionaria de energia elétrica, para acompanhar o serviço prestado. Em nota, a gestão municipal afirma que a Light investirá cerca de R$ 329 milhões em Volta Redonda, contemplando ações como reforço no combate às perdas; manutenção recorrente e ligações novas; resiliência e robustez da rede; expansão do sistema; além de renovação de ativos.