Por Lanna Silveira
O serviço oferecido pela concessionária de água e esgoto Rio Saneamento está gerando insatisfação geral entre os moradores de Pinheiral. As principais reclamações da população envolvem taxas abusivas de cobrança; interrupções constantes no abastecimento de água nas residências; a instalação da estação de tratamento da empresa em um bairro residencial, que estaria causando inconveniências como odor forte; buracos nas vias após obras da empresa; problemas no atendimento ao consumidor e falta de resoluções dos problemas levantados.
Uma das questões enfatizadas pelos consumidores é a cobrança de taxa de 100% de consumo para o tratamento do esgoto, considerada "exagerada". Parte dos moradores que já tiveram residências em cidades vizinhas, como Volta Redonda e Barra do Piraí, ressaltam que a cobrança nestes locais é mais barata e demonstram não entender o que justifica os valores altos em Pinheiral. Outros valores impostos pela concessionária, como a instalação do hidrômetro e as contas de água em geral, também são questionados.
- Pagamos o dobro se consumirmos um volume acima de 15 m³. Quando me mudei (para Pinheiral), tive que pagar mais de R$ 1 mil de taxa de instalação de hidrômetro. Para comparar, o Saae cobrou cerca de R$ 350 para instalar o hidrômetro da minha mãe no mesmo período, em Volta Redonda - relatou um morador.
Outra reclamação dos moradores diz respeito ao atendimento oferecido ao consumidor. Segundo relatos, os funcionários da empresa não conseguem resolver os problemas levantados pelos clientes - problema que se estende ao atendimento virtual -, e apresentam comportamento pouco ideal.
- Se você vai questionar por que uma conta veio fora da média, por exemplo, eles falam que está certo e é assim mesmo, sem te apresentar nenhum material que justifique a cobrança. Eles são grossos e despreparados, parecem que estão fazendo um favor. O atendimento online é pior ainda, geralmente a mensagem é que tem muitas demandas para a pessoa aguardar ou tentar resolver pelo aplicativo.
Uma moradora do bairro Jardim Real, que preferiu não se identificar, relata que está passando por problemas relacionados à rede de esgoto desde dezembro do último ano e, desde então, solicita o atendimento da empresa, sem receber auxílio. Ela conta que o cano de esgoto de uma das ruas do bairro estourou na altura do quintal de seu terreno, fazendo com que parte dos dejetos sejam despejados em sua residência. Esta seria a segunda vez em que esse cano se rompe; na primeira ocasião, a equipe se mobilizou até o local para fazer os reparos necessários.
Desta vez, entretanto, a equipe ainda não tomou nenhuma providência. Segundo a moradora, a primeira justificativa para a falta de intervenção seria a dificuldade que a equipe teria para acessar o cano. Ao relembrar que a empresa já havia feito reparos nessa tubulação, a empresa estabeleceu um prazo para que o problema fosse sanado. Após o fim do prazo, entretanto, nenhum conserto foi feito, o que levou a moradora a abrir um novo protocolo. Desta vez, a empresa não ofereceu nenhum prazo para que o vazamento seja interrompido.
Reivindicações
Em resposta às falhas de serviço e atendimento, a população se mobiliza de diversas formas para tentar divulgar suas demandas e conseguir soluções. Atualmente, um abaixo assinado que reivindica melhorias na empresa está disponível em diferentes estabelecimentos de Pinheiral, sendo divulgado também em grupos de moradores nas redes sociais. Além disso, duas audiências públicas sobre o serviço foram promovidas pelo poder legislativo. A primeira, realizada nesta terça-feira (8), contou com a presença do prefeito Luciano Muniz e demais figuras políticas municipais, além de representantes da concessionária e da AGENERSA (Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro). A segunda foi realizada nesta quinta-feira (10), e contou com a presença do deputado estadual Jari Oliveira.
Durante o encontro de terça-feira, ficou estabelecido que a empresa deve intensificar os serviços de tapa-buracos nas ruas até o mês de maio e, até julho, quaisquer problemas de abastecimento de água devem ser sanados. O diretor da AGENERSA, Robson Cardinelli, se comprometeu a monitorar as ações da empresa.
O Correio Sul Fluminense entrou em contato com a Rio Saneamento para pedir o posicionamento da empresa sobre as reclamações dos moradores. Em nota, a equipe reforça que a estrutura tarifária e a tabela de serviços complementares são regulamentadas e aprovadas pela AGENERSA, sem oferecer possibilidades de revisão nos valores. Em relação ao sistema de abastecimento, a concessionária informa que já investiu R$ 7 milhões em Pinheiral até janeiro de 2025. Entre as ações realizadas, estão a ampliação da rede de distribuição de água e ativação da rede de coleta de esgoto, além de reforma para melhorias em unidades operacionais.
Sobre o atendimento, foi afirmado que as equipes participam de treinamentos rotineiros e podem ser avaliadas pelos próprios clientes, ao final de cada atendimento, por meio de pesquisa de satisfação.
