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Em crise, MIS e Paço das Artes têm esgoto no acervo e diretoria esvaziada

| Foto: Reprodução

Por: Gustavo Zeitel

Funcionários da Organização Cultural Ciccillo Mattarazzo, responsável pela gestão do Museu da Imagem e do Som, o MIS, do MIS Experience e do Paço das Artes, denunciam o desmonte das três instituições culturais. O MIS está sem diretor cultural, desde fevereiro de 2021, quando Cleber Papa anunciou que deixaria o cargo. A mesma situação ocorre no Paço das Artes, após o desligamento, no mês passado, de Renata Yumi.

De acordo com funcionários ouvidos pela reportagem, Yumi acumulava a função nos aparelhos de cultura. A empresa busca unificar as equipes do MIS e do Paço das Artes, sobrecarregando sua força de trabalho. Após o desligamento de Papa, a secretaria de Cultura e Economia Criativa chegou a anunciar a extinção do cargo de diretor cultural do MIS.

Mas o estatuto da OS, firmado em outubro de 2021, prevê, além do diretor geral, Marcos Mendonça, uma diretoria composta por um diretor cultural do MIS, um diretor cultural do Paço das Artes, além de um diretor de gestão e finanças. Nenhum dos cargos está ocupado no momento.

Em nota, a OS Ciccillo Matarazzo afirmou cumprir com rigor seu estatuto. Ponderou que, em caso de vacância parcial ou definitiva de um dos postos da diretoria, as atribuições do cargo serão repassadas ao diretor geral.

Enquanto isso, consta no expediente do MIS um cargo de diretor técnico –não previsto no estatuto– ocupado por Gil Costa, uma indicação de Mendonça.

"Esse cargo não é estatutário. E o profissional citado exerce suas funções com excelente desempenho e dedicação, tanto que recebeu uma promoção por seus méritos", diz a nota.

Mesmo com uma intensa rotina de obras, o prédio do MIS apresenta falhas. Durante reformas para aumentar o espaço expositivo, no fim de fevereiro, ocorreu um vazamento de esgoto dos banheiros, danificando itens do acervo.

Como forma de protesto, funcionários da reserva técnica chegaram a exibir vinis danificados, como se estivessem numa exposição. A OS explica que o vazamento foi provocado pelo "rompimento de uma tubulação de mais 50 anos" e que os danos, todos pequenos, já foram reparados.

Com a crise, a programação das três instituições é cumprida aos trancos e barrancos. Após o fim da mostra sobre a cantora Rita Lee, em fevereiro deste ano, o MIS chegou a ficar cem dias sem exposição.

Nem sempre foi assim. O MIS, ao contrário, se notabilizou por mostras que atraíram grande público. Foram os casos dos sucessos de "Castelo Rá-Tim-Bum–A Exposição", de 2015, e "John Lennon em Nova York por Bob Gruen", exibida no ano passado.

O Paço das Artes, por sua vez, se tornou um celeiro de artistas ao longo do tempo, com foco na produção artística contemporânea. Em 50 anos de história, abrigou mostras de artistas como Cildo Meireles e Marina Abramovic. No momento, o Paço das Artes se encontra fechado para a montagem da exposição Temporada de Projetos 2022.