Por: Rodrigo Fonseca (Especial para o Correio da Manhã)

Preenchendo o 'B.O.' do riso

Em 'B.O.', Hassum interpreta um delegado sem coragem no comando de uma delegacia complicada | Foto: Laura Campanella/Divulgação Netflix

Faca na caveira é coisa do passado na delegacia do seriado "B.O.", que faz um urso de pelúcia de totem ao assumir como seu titular Leandro Hassum, de volta à Netflix pra lotar a plataforma digital mais popular de toda a streaminguesfera de brasilidade.

No ar a partir desta quarta, o seriado produzido pela Camisa Listrada, a mesma do esperado "Mussum, o Filmis", oferece ao campeão de bilheteria uma espécie nada convencional de herói: o delegado Suzano. Em sua cidadezinha natal, Campo Manso, a Lei levava a ordem na flauta. Mas agora, sua realidade é outra. Uma DP barra pesada na Tijuca necessita de sua coragem, coisa que Suzano não tem. "Meio Dom Quixote, Suzano traz o lúdico para aquele universo policial", define Hassum. "De uma certa forma, o herói e o vilão são iguais. O que os difere é o modo como lidam com a vida e as escolhas que tomam. O diferencial do Suzano é a delicadeza".

Criada por Carol Garcia, César Amorim, Fabíola Alves e Victor Rodrigues, sob a direção-geral de Pedro Amorim, com Carol Minêm e o próprio Hassum. "B.O." abre um capítulo novo numa saga de reinvenção pelo qual seu astro vem passando há uma década. Em 2012, ali pelo arranque do carnaval, em fevereiro daquele ano, quando estouraram as primeiras notícias acerca de seu investimento radical à telona. Manchetes anunciavam que a estrela do monólogo "Lente de Aumento" - um fenômeno teatral de público -, tentava se lançar como protagonista no cinema. O assunto agitou o audiovisual. Consolidado pela TV em sucessos como "Zorra Total" e "Os Caras de Pau", ele encampou com os irmãos Caio e Fabiano Gullane (produtores de prestígio classe AA) o sonho de fazer de "Até Que a Sorte Nos Separe" uma grife. Poucos meses depois, o filme entrou em cartaz e rendeu mais duas continuações, em 2013 e 2015, fazendo de Hassum mais do que um êxito comercial.


 

Ator alcança o patamar de gigantes da comédia

Três momentos de Hassum com seus colegas de elenco: 'Acredito muito em trupe. No teatro, aprendi que coxia boa se reflete na qualidade do que o público vai ver' | Foto: Fotos Laura Campanela/Divulgação Netflix

As cifras dos longas-metragens estrelados por Leandro Hassum somadas a um carisma comparável ao de poucos ícones midiáticos, levaram seu nome ao mesmo panteão onde estão Mazzaropi, Renato Aragão e Oscarito.

"Sou um cara que gosta de fazer cinema, mas encontrei na Netflix um espaço onde me dão ouvidos, onde me oferecem uma autonomia que me encanta. A gente se sente trabalhando em equipe, sem mensagem cruzada", diz Hassum, que passou por uma cirurgia bariátrica, em 2014, livrando-se de cerca de 70 quilos e de uma série de riscos à saúde.

Apostou na saúde, mas seguiu fiel ao humor varejão de antes, depurando-o com o tempo. Não cabe repetição para Hassum, cabe sofisticação, como se vê na precisão com que ele lida com as piadas de "B.O.".

Suzano é figura cheia de fragilidades, mas também de firmezas. Depois de ter capturado - por acidente - um bandido foragido ligado à máfia dos caça-níqueis, ele é escalado para combater o crime na Tijuca. Sua equipe é encarnada por um elenco em estado de graça: Luciana Paes, Taumaturgo Ferreira, Jefferson Schroeder, Babu Carreira, Digão Ribeiro, Cauê Campos e Josie Antello.

"Acredito muito em trupe. No teatro, aprendi que coxia boa se reflete na qualidade do que o público vai ver. É esse o caso de 'B.O.', pois todo mundo tem seu momento de brilhar. A cada episódio, cada personagem vai conquistar o reconhecimento do público", diz Hassum.

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