Euforia à beira-mar
ArtRio hedonista refletiu o otimismo que tomou o mercado de arte brasileiro
Por Silas Martí (Folhapress)
Ele se sentia o cara. Já sem camisa àquela hora da noite, equilibrado no alto de um banquinho na sala ampla de seu apartamento no bairro carioca do Leme, com uma vista estratégica para o mar, o artista Ernesto Neto parecia querer mesmo gritar "Rio de Janeiro is back", em bom inglês calibrado pelas caipirinhas fresquíssimas de limão saindo do bar com o rugir das ondas do Atlântico ao fundo, uma sensação de esperança açucarada.
Os artistas arrebanhados ao redor, a nata das artes visuais cariocas, das veteranas Adriana Varejão e Laura Lima ao novato Bastardo, pareciam todos concordar com o anfitrião.
Depois de anos de pandemia e mal-estar, esta parece ser a "saison" em que mais se misturam línguas e otimismos no balneário mais lindo do planeta. O sol voltou - mesmo - a brilhar na zona sul do Rio e em boa parte de uma cena artística no Brasil castigada nos últimos anos por intempéries de toda sorte, políticas, econômicas e mesmo climáticas.
Debaixo de um sol escaldante, longe das tempestades que engolfaram a Marina da Glória no ano passado, a feira ArtRio realizou mais uma edição na semana passada entre quarta-feira e domingo. Nem mesmo o que alguns chamaram de tufão no meio do evento, que forçou a interdição de uma das alas da feira, arrefeceu os ânimos do povo "artsy" pronto para fechar negócio.
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