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'É uma ode à liberdade e um compromisso com a arte'

Ed Motta: 'Filmes e séries antigas sempre tiveram um impacto profundo em minha imaginação e musicalidade' | Foto: Jorge Bispo/Divulgação

Depois de uma pausa de cinco anos, Ed Motta está de volta com o seu 14º álbum de estúdio, "Behind The Tea Chronicles", que nos faz cruzar fronteiras musicais e nos convida a ouvir não só canções soulful e groovy, mas também a mergulhar em climas quase cinematográficos.

Nascido em 17 de agosto de 1971, no Rio, Ed Motta teve desde cedo uma inclinação pela música. Durante sua adolescência, mergulhado no rock e no blues, foi recrutado pela banda de hard rock Kabbalah para ser o vocalista. Desde então, suas paixões e referências musicais se expandiram para soul, funk, jazz, classic-rock, música clássica, blues e Broadway. Não é surpresa que, ao longo de sua carreira, ele tenha trabalhado com músicos renomados, incluindo Ryuichi Sakamoto, Max Middleton, Jean-Paul "Bluey" Maunick (Incognito), Roy Ayers, Rolf Kühn, Chucho Valdés, Patrice Rushen, Hubert Laws, Bernard Purdie, João Donato, Dom Salvador, Greg Phillinganes e muitos outros.

"Behind The Tea Chronicles" representa um marco significativo na trajetória artística de Ed. Essa obra-prima musical mostra sua habilidade única de criar melodias inesquecíveis e letras instigantes. Nesse disco, Ed se inspirou em séries de TV e filmes. "'Colombo', 'Barnaby Jones' e 'Streets of San Francisco' (no Brasil, 'São Francisco Urgente') são as minhas séries favoritas. Mas também gosto da inglesa 'Quatermass', a primeira série de ficção científica do mundo e produzida pela BBC, que foi uma inspiração direta para uma faixa do álbum", diz Motta. "Também me inspirei em filmes antigos: especialmente o filme 'Gaslight', de George Cukor, e filmes de Jacques Tati, Jean-Pierre Melville e Basil Dearden, que são alguns dos meus diretores favoritos e me deram muitas ideias".

Com sua musicalidade incomparável, os arranjos cativantes e as composições em camadas de Ed Motta criam uma fusão requintada de gêneros. Cada faixa de "Behind The Tea Chronicles" mostra seu domínio de vários estilos musicais, incorporando elementos de funk, soul, jazz e até sons da Broadway, que, obviamente, apresentam seus vocais suaves e aveludados. Comentando sobre seu último álbum, Ed Motta disse: "Eu queria criar algo verdadeiramente único com 'Behind The Tea Chronicles'. Filmes e séries de TV antigas sempre tiveram um impacto profundo na minha imaginação e musicalidade. Eu queria homenagear essas influências e usá-las como pontos de conexão para criar um álbum que não seja apenas musicalmente envolvente, mas também leve os ouvintes a uma jornada nostálgica e cinematográfica. É uma ode à liberdade e um compromisso com a arte".

 

Músicos de renome colaboraram com o projeto

Ed Motta | Foto: Jorge Bispo/Divulgação

As influências para as faixas são muitas e variadas. O estilo "Western" de "Buddy Longway" é uma referência ao personagem francês de quadrinhos de mesmo nome, enquanto o dramático e etéreo "Confrere's Exile" é influenciado pela música impressionista francesa e musicais de Stephen Sondheim. O swinging shuffle blues "Shot In The Park" é a carta de amor de Motta a Donald Fagen e Steely Dan; no tema soul-funk Safely Far, Ed revela um casal no estilo nouvelle-vague do cinema francês dos anos 60 que habita sua mente. "'Slumberland' é uma referência direta à série de animação 'Little Nemo in Slumberland', escrita por Winsor McCay", diz Motta. Não só a sua influência pelo cinema pode ser ouvida nesta faixa em particular, mas ao longo de todo o álbum. Motta chama esse estilo musical de "Psychedelic Soul". Essa faixa vem junto com um lyric video criado pela esposa de Motta, a ilustradora Edna Lopes, que se inspira muito nos quadrinhos franceses/belgas (Bandes Desinées) e traz o estilo ligne Claire, do qual Motta é um grande fã.

"Behind The Tea Chronicles" apresenta uma impressionante formação de músicos ilustres, incluindo colaborações notáveis com artistas brasileiros e internacionais. Os famosos cantores Paulette McWilliams, uma experiente vocalista que participou do álbum "Off The Wall" de Michael Jackson, e Philip Ingram, irmão de James Ingram e membro fundador do grupo Switch, podem ser ouvidos como backing vocals, bem como a Orquestra Tcheca FILMharmonic.

Em relação à sonoridade de seus discos, Motta nunca faz concessões. "Fiquei obcecado com uma alta qualidade de áudio por causa do Steely Dan. Quando estou gravando algo novo, sempre testo o estúdio e os monitores tocando 'Aja' e 'Black Cow', para ouvir os agudos e graves".

Vendendo mais de 300 mil cópias no Brasil com seu lançamento de 1997 "Manual Prático para Festas, Bailes e Afins", Ed Motta então manifestou sua posição como popstar no Brasil e ganhou platina. Ele continuou a mesclar gêneros e explorar o mundo musical, aplicando suas referências musicais e talentos para filmes. Musicou dois curtas-metragens - o premiado "Ninó", de Flávia Alfinito, e "Fome", de Patrícia Alves Dias. No mesmo ano, Ed voltou ao topo das paradas com a música-tema do longa-metragem "Pequeno Dicionário Amoroso" (dirigido por Sandra Werneck). Em 1999, Ed compôs a trilha sonora do média-metragem "De Janela Pro Cinema" (dirigido por Quiá Rodrigues), que foi premiado em festivais brasileiros.

Em 2001, Ed continuou a trabalhar em filmes, fornecendo música para os longas-metragens "A Partilha" (dirigido por Daniel Filho) e "Sexo, Amor e Traição" (dirigido por Jorge Fernando). O século 21 ampliou e diversificou o campo de trabalho de Ed, aplicando seus gostos impecáveis e conhecimento enciclopédico a áreas fora da performance musical. Ele escreveu o texto para DVDs de relançamentos de filmes clássicos enquanto escrevia sobre seus cineastas e filmes favoritos para vários meios de comunicação.

Para seu álbum de 2005 "Aystelum", Ed combinou duas de suas paixões: o spiritual jazz dos anos 1970 e a tradição da Broadway liderada por Stephen Sondheim. O repertório do disco alternava entre canções com letras e músicas instrumentais, que incluíam dois sambas em parceria com o compositor e escritor, Nei Lopes, e três músicas do musical "7 - O Musical", composto por Ed. A partir de setembro de 2007, o musical dark ficou em cartaz por um ano no Rio de Janeiro e outro ano em São Paulo, ganhando prêmios de prestígio.

Ele ainda explorou o mundo da música clássica que ele entrelaça com suas raízes no Brasil e estilos variados de todo o mundo repetidamente. Sua dedicação e trabalho duro lhe renderam uma indicação ao Latin GRAMMY® em 2006 por seu álbum "Aystelum". Ed Motta continuou a lançar músicas ao longo dos anos e 2018 marcou o nascimento de seu até então último álbum "Criterion Of The Senses". Com "Behind The Tea Chronicles", sua excepcional jornada continua.

Além da música, Motta não é apenas um especialista em filmes e séries, mas também um conhecido especialista quando o assunto é vinho, chá e cerveja. Escreveu colunas sobre vinhos e gastronomia e fez curadoria de cardápios de vinhos, cervejas e chás para o hotel paulistano Emiliano. Motta também manteve uma coluna online de vinhos para a principal revista semanal do Brasil, Veja, enquanto apresentava o programa de rádio "Empoeirado" para a Rádio Eldorado, de São Paulo, destacando e apresentando joias raras e obscuras de seu acervo de 30 mil discos. Sua música reflete justamente essa coleção que começou com os discos da mãe e expandiu ao longo dos anos.

 

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