Rolling Stones sólidos como diamante

Mick Jagger & Cia fazem de 'Hackney Diamonds' seu melhor álbum em 42 anos

Por Thales de Menezes (Folhapress)

Álbum é o primeiro disco da banda após a morte do baterista Charlie Watts, em 2021

"Hackney Diamonds" é o melhor álbum dos Rolling Stones desde "Tattoo You" (1981). Nesse intervalo de 42 anos, a banda lançou seis discos de material inédito, o último deles há 18 anos, "A Bigger Bang". Todos foram saudados com entusiasmo a cada lançamento, porque é sempre bom ver e ouvir os Stones na ativa. Mas apenas uma canção em todo esse período pode ser cogitada para uma antologia da banda: "Love Is Strong", de "Voodoo Lounge" (1994).

Agora, Mick Jagger e Keith Richards apresentam ótimas canções de uma banda rejuvenescida, musicalmente falando. As 12 faixas de "Hackney Diamonds" contemplam muitas das personalidades sonoras que os Stones já apresentaram desde 1962, mas há uma modernidade percorrendo o álbum, que é uma ação entre amigos.

Os Stones povoaram as sessões com camaradas que são alguns dos maiores nomes da música pop: Stevie Wonder, Elton John, Lady Gaga e... Paul McCartney! Sim, um beatle no estúdio com os Stones. Paul toca baixo em "Bite My Head Off", rock acelerado, do tipo que os Stones faziam no início dos anos 1970, na fase com o guitarrista Mick Taylor. A participação parece discreta até o minuto final da canção, quando Paul toca um baixo distorcido em duelo com a guitarra sem efeitos de Richards. Um grande momento. Mas a maior colaboração de Paul em "Hackney Diamonds" não é essa. Foi ele que sugeriu a Jagger o nome de Andrew Watt, jovem produtor americano que tem um currículo eclético, de Ozzy Osbourne a Miley Cyrus. Watt produziu o álbum com Jagger, Richards e Don Watts, colaborador antigo da banda.

Os Stones rasgam elogios a Watt, que também teve a ideia de incluir a participação de Lady Gaga em "Sweet Sounds of Heaven". A cantora estava gravando num estúdio ao lado do ocupado pelos Stones e foi fazer uma visita à banda. E o resultado é muito melhor do que se poderia esperar.

"Sweet Sounds of Heaven" é o grande momento do álbum. Grande mesmo, uma faixa de quase sete minutos e meio que lembra a apropriação do gospel que os Stones já fizeram em hits imortais como "You Can't Always Get What You Want". Começa com Mick Jagger cantando com um vigor não escutado há décadas, enquanto Stevie Wonder toca seus teclados como se estivesse numa igrejinha no Mississippi. A partir da metade da canção, Lady Gaga vai se insinuando, primeiro num vocal de apoio belíssimo, que cresce para um vozeirão que faz dueto com Jagger. Forte candidata a canção do ano.