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Diversão e igualdade nas telonas

A gatinha Goose é tão querida pelos fãs que ganhou um pôster exclusivo com os Flerkens | Foto: Marvel Studios

Edesde o 'primeiro capítulo', a trajetória da Capitã Marvel no MCU, iniciada em 2019, enfrenta um adversário que transcende as telas: o preconceito. Criada no final dos anos 1960, Carol Danvers foi uma personagem revolucionária nas HQs. Surgindo no auge do movimento feminista, ela veio uma super-heroína que lutava também com sua identidade secreta, pleiteando direitos para mulheres, como pagamento igualitário. E por mais incrível que pareça, a reclamação dos supostos fãs´, que estão há quatro anos fazendo boicote contra a personagem, é que o filme é "lacrador" por mostrar uma ex-militar considerada a mulher mais poderosa do Universo Marvel, que não se curva para quem quer que apareça no caminho. Ou seja, estão chorando por fidelidade aos quadrinhos.

Diversidade

Ciente da campanha misógina, a Marvel não recuou e reuniu um grupo que certamente vai incomodar quem não aceita que o mundo mudou e que há espaço para que todos e todas sejam protagonistas de suas histórias.

Desde 'Capitã Marvel', o primeiro do MCU a ser dirigido por uma mulher, Anna Boden, a Marvel fez questão de estabelecer a franquia como símbolo do protagonismo feminino. Em 'As Marvels', isso será ampliado ainda mais. Quem dirige agora é Nia DaCosta, de 'Littel Woods' (2018) e 'A Lenda de Candyman' (2021). Com apenas 33 anos, Nia se tornou a diretora mais jovem a comandar um filme do MCU.

Mais do que isso, as três protagonistas são um combo diverso, algo ainda pouco comum nesse tipo de produção. Carol Danvers é uma líder independente, que viaja pelo universo salvando vidas e planetas inteiros. Monica Rambeau é uma mulher negra que trabalha para a principal agência espacial dos EUA, enquanto Kamala é uma adolescente de família paquistanesa que acabou de ganhar seus poderes, precisando lidar com as contradições de seus atos rebeldes com sua religião muçulmana. Em tempos de 'Black Live Matters' e do forte preconceito contra imigrantes, lançar um filme assim nos EUA é uma forte mensagem contra os tempos sombrios vividos pelo mundo.

Opostos se atraem

Mesmo sendo uma aventura pelo espaço, o filme promete se consagrar pela interação das três super-heroínas, que são completamente diferentes. Carol é uma militar casca grossa que não tem paciência pra bobagem, enquanto Kamala é uma criança que cresceu idolatrando a Capitã Marvel, fazendo podcasts e escrevendo 'fanfics' protagonizadas por Carol. Agora, as duas vão trabalhar juntas. É como se a maior super-heroína do MCU ganhasse uma estagiária que não sabe o que está fazendo.

Entretanto, o grande conflito do trio vem da relação estremecida entre Carol e Monica Rambeau. Introduzida no primeiro filme da Capitã Marvel, Monica é afilhada de Danvers e mesmo sendo apenas uma criança em 1995, ajudou sua 'Tia Carol' na missão contra os Kree. Apelidada de 'Tenente Problema', por ser uma criança enérgica, Monica cresceu na esperança de voltar a ver sua madrinha, que foi para o espaço e nunca mais voltou.

O problema é que os anos se passaram e a mãe de Monica, Maria Rambeau, descobriu um câncer. Durante os tratamentos, Monica acompanhou a mãe diariamente até o dia em que Thanos estalou os dedos e acabou com metade da vida no universo. Infelizmente, Maria não foi "apagada" e passou pela quimioterapia sozinha. Então, quando os Vingadores trouxeram todos os apagados de volta a vida, Monica descobriu que sua mãe havia morrido.

De luto, Rambeau ficou magoada com a Capitã Marvel por ter abandonado as duas sozinhas na Terra por quase 30 anos. Agora, Carol e Monica vão se reencontrar pela primeira vez, precisando superar todas as mágoas para tentarem sobreviver a ameaça de Dar-Benn.

Das telinhas para as telonas

Diferentemente de Carol, que teve sua história contada nos cinemas, Monica teve seu arco de super-heroína desenvolvido em uma série do Disney . O público viu um pouco de sua infância em 'Capitã Marvel', mas foi em 'WandaVision' que ela ganhou seus superpoderes. Na série, a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), tomada pelo luto, usou seus poderes para sequestrar a cidade de WestView, onde criou uma cúpula de energia para isolar a cidadezinha e transformar seus habitantes em personagens inspirados nas suas séries favoritas. Então, Monica foi enviada pela agência para dar fim a essa maluquice. Ela atravessou o campo energético, mas acabou sendo enfeitiçada. E quando despertou, foi afetada pela energia da cúpula, ganhando a capacidade de ver e manipular energia.

Já a história de Kamala foi contada na série 'Ms. Marvel', também lançada no Disney . O público acompanhou a menina encontrar um bracelete ancestral da família, que despertou seus poderes mutantes de materializar energia, fazendo de Kamala a primeira mutante do MCU.

Agora, as duas terão a chance de mostrar mais do que são capazes para um público mais amplo nos cinemas.

Flerkens

Quem também volta para o filme é o espião Nick Fury, que roubou a cena em 'Capitã Marvel' por sua inesperada interação com a gatinha Goose, que na verdade era um alienígena perigosíssimo da raça Flerken, que tem a aparência de um gato doméstico. E para o delírio dos fãs, a Goose retorna para a sequência com uma série de Flerkens mais jovens. Ou seja, a diretora queria colocar um monte de gatinhos bebês no filme e a forma que encontrou para fazer isso foi transformá-los nessas maquinhas de destruição em massa.

Fundamental

Por fim, o filme tem essa vibe de aventura entre inimigas que virarão amigas, mas traz um cenário importantíssimo para o futuro deste niverso. O plano da vilã é causar um colapso de realidades no Multiverso, o que deve estar ligado ao vilão dos próximos dois filmes dos Vingadores, o déspota Kang (Jonathan Majors).

Ou seja, 'As Marvels' ganha um status de filme-evento que poderá definir os caminhos que serão seguidos pelos heróis nos próximos dois anos da empresa, incluindo a tão sonhada estreia dos X-Men.

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