Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Mariel Mariscot, o Scarface do Brasil

Renao Góes foi escalado pelo diretor para dar vida nas telas a Mariel Mariscot (ao lado) | Foto: Divulgação

Citado com múltiplas licenças poéticas em sucessos como "Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia" (1977), "República dos Assassinos" e "Eu Matei Lúcio Flávio" (ambos de 1979), Mariel Araújo Mariscöt de Mattos (1940-1981) entrou para a posteridade na História do Brasil pelas páginas policiais, na fronteira entre o anti-heroísmo populista do vigilantismo e a corrupção. É o signo do chamado Esquadrão da Morte, braço legalizado da execução sumário nos tempos da ditadura. Foi salva-vidas, foi agente da Lei, foi segurança na noite, foi contraventor... é mito. Foi morto quando estava chegando para uma reunião com chefões do jogo do bicho, debelado por uma submetralhadora automática Ingram M11. Portava duas pistolas - uma calibre 45 e uma 6.35 - que não teve tempo de sacar. Alguns dos episódios mais tensos de sua vida - incluindo seu romance com a atriz Darlene Glória - serão levados às telas no filme "O Homem de Ouro", sob a direção de um dos mais argutos cronistas audiovisuais de nossa malandragem: o diretor Mauro Lima. É dele o fenômeno de bilheteria "Meu Nome Não É Johnny", visto por cerca de 2 milhões de pagantes há 15 anos. Em 2011, ele voltou a falar de gente escorregadia em "Reis e Ratos" (2011), uma joia que nunca foi devidamente valorizada. Agora, ele conta com o talento de Renato Góes no papel de Mariscot, que participou da Scuderie Le Cocq, um temido grupo de extermínio formado por policiais, criado no Rio em 1965. Em 1969, ele entrou para uma divisão de elite formada por 12 agentes, "os Homens de Ouro", também com o objetivo de executar criminosos. Foi expulso da corporação, passou pela cadeia, escreveu um roteiro sobre seus feitos ("A Fuga da Ilha do Diabo" era um dos títulos que datilografou) e acabou sendo assassinado. Mauro conta com Luísa Arraes, Yuri Marçal, Orã Figueiredo em seu elenco. Na entrevista a seguir, ele mapeia a psique de seu personagem ao antecipar para o Correio da manhã detalhes do que pode ser um dos grandes sucessos do cinema brasileiro, ou, no mínimo, uma espécie de "Scarface" brasileiro.


 

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