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Um novo jeito de ver Machado

Uma das inovações desta montagem de 'Brás Cubas' é a inclusão de Machado de Assis como personagem | Foto: Mauro Kury/Divulgação

Após temporada de sucesso no CCBB Rio de Janeiro, a mais recente montagem teatral da Armazém Companhia de Teatro "Brás Cubas" partiu para a China onde, em outubro, participou do Festival Internacional de Teatro de Wuzhen, ao lado de importantes nomes do teatro mundial, como Robert Wilson e Joël Pommerat, sendo aclamado pelo público chinês como o melhor espetáculo do festival.

De volta ao Brasil, "Brás Cubas" volta em cartaz a partir desta quinta-feira (4), no Teatro Firjan Sesi Centro, onde cumpre temporada de quinta a domingo, até início de fevereiro.

A montagem da Armazém Companhia de Teatro é uma adaptação do romance de Machado de Assis, mas não uma adaptação no sentido clássico porque insere o próprio Machado de Assis, como personagem.

"O espetáculo tem uma certa vinculação com o sonho. A gente constrói essa história como se estivéssemos dentro da casa do Machado, acompanhando a sua criação. E o ponto central da nossa adaptação é o delírio que o personagem do Brás tem momentos antes de sua morte", comenta o diretor Paulo de Moraes.

Assim, na peça da Armazém o personagem Brás Cubas é desmembrado em dois. Sérgio Machado interpreta Brás Cubas desde seu nascimento até sua morte (não necessariamente nessa ordem) e Jopa Moraes assume Brás Cubas já como o defunto que narra suas memórias póstumas. "Esse defunto está pouco vinculado ao século 19, ele quer e precisa se comunicar com as pessoas de agora", comenta o diretor.

A dramaturgia tem uma estrutura em três planos: o plano da memória - que são as cenas vividas por Brás; o plano da narrativa - onde entram as divagações e reflexões do defunto; e um terceiro plano em que o próprio Machado de Assis (vivido por Bruno Lourenço) invade sua narrativa com comentários que visam conectar contemporaneamente suas críticas à sociedade brasileira.

"Nosso Machado não é um personagem biográfico. Embora todas as questões que o personagem coloque na peça tratem de assuntos sobre os quais Machado escreveu, estão colocadas em contextos diferentes. É uma brincadeira a partir de detalhes biográficos. Um personagem imaginário tentando se comunicar com o nosso tempo", destaca Paulo.

Completam o elenco as atrizes Isabel Pacheco (Virgínia) e Lorena Lima (Marcela e Natureza), o ator Felipe Bustamante (Quincas) e o músico Ricco Viana, que toca ao vivo a trilha sonora original criada por ele próprio.

SERVIÇO

BRÁS CUBAS

Teatro Firjan Sesi Centro (Rua Graça Aranha nº 1, Centro)

De 4/1 a 4/2, às quintas e sextas (19h) e sábados e domingos (18h)

Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia)

 

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