Por: Affonso Nunes

Sessentou!

Chico César comemora aniversário cantando canções do álbum mais recente, revisitando sua obra e relendo canções de artistas que fizeram sua cabeça | Foto: Ana Lefaux/Divulgação

Um dos nomes mais expressivos da música brasileira, Chico César completa nesta sexta-feira (26) 60 anos com show especial no Circo Voador, com abertura dos paraibanos Seu Pereira e Coletivo 401. Depois de concluir 2023, lançando o vinil de seu primeiro álbum, "Aos Vivos" (1994), Chico olha para o futuro refletindo sobre seu passado e o show de aniversário está nesse contexto.

"O show de 'Vestido de Amor' (seu álbum mais recente) já é bastante temperado com coisas de outros momentos da carreira, inevitavelmente. Tem música instrumental, uma canção de quando eu tinha 19 anos, morando em João Pessoa, e outras que me influenciaram como 'Agalopado', de Alceu Valença; 'Admirável Gado Novo', de Zé Ramalho; e 'Sobradinho', de Sá e Guarabyra. É uma estética do 'Vestido de Amor', mas que mira a carreira toda", avisa.

Carreira essa alimentada por talento, autenticidade e comprometimento com sua arte. Nascido em Catolé do Rocha (PB), Chico possui uma trajetória marcada pela sua voz única, uma poética global e sua postura engajada. Musicalmente, misturou samba, forró, reggae, frevo e toada, emplacou uma série de sucessos, fez grandes parcerias com grandes artistas (Maria Bethânia, Zeca Baleiro, Geraldo Azevedo e Salif Keita, só pra citar alguns), ganhou prêmios, se apresentou dentro e fora do país e acima de tudo, prova a cada dia que artista bom é artista que se posiciona e continua exigindo respeito, não apenas aos seus cabelos, mas a toda sua trajetória.

Desde muito cedo, Chico mostrou interesse pela música. Aos 12 anos, começou a estudar violão e a compor suas primeiras canções. Ao longo dos anos, desenvolveu um estilo musical que carrega influências da cultura nordestina, do folk e da MPB, criando uma sonoridade única.

 

Um ano com novos discos e turnês

Sucesso em palcos menores e até mesmo em grandes festivais, o show de Chico César e Geraldo Azevedo com seus violões segue na agenda do paraibano neste ano que se inicia | Foto: Marcos Hermes/Divulgação

O 2024 de Chico César será um ano de novos álbuns, com músicas inéditas e de parcerias internacionais. Entre fevereiro e março está previsto o aguardado lançamento de um álbum e de uma turnê com o maranhense Zeca Baleiro que deve passar por todo o país.

"Com Zeca Baleiro vai ser uma coisa mais com banda, como é o disco mesmo, só de composições inéditas", antecipa o paraibano. A turnê começa em 8 de março em Curitiba e deve dividir a agenda de Chico com outra parceria que ele vem realizando com sucesso junto ao pernambucano Geraldo Azevedo, com o show "Violivoz", que também virou álbum ao vivo.

O tamanho da repercussão amplamente positiva deste show chegou a surpreender Chico. "Com os nossos violões estamos fazendo coisas em ambientes bem surpreendentes. A gente tem feito festivais de rock, coisas grandes mesmo. No começo eu pensava que seria um show para teatros com 400 lugares, no máximo. Quando queriam botar a gente em 800 lugares, eu já falava: 'Não, vamos para um lugar menor, aí não funciona'. Mas esse encontro com o Geraldo Azevedo funciona muito", admite o paraibano.

E os projetos não param por aí. Em breve, deve ser lançado ainda um disco com o duo hermano Rojo Barceló: a cantora e compositora Maria Barceló e o pianista e baterista Esteban Blanca. Trata-se de uma dupla argentina de quem Chico César se aproximou bastante durante o período da pandemia em que passou quatro meses no Uruguai, isolado pela Covid.

"Eles não podiam voltar para o país deles e eu acabei ficando no Uruguai também aquele tempo", remonta ele, que deve retomar também sua turnê internacional em 2024.

Esse será um período intenso de trabalho e de parcerias, coisas que estavam represadas ainda pelos tempos de crise sanitária global. "As pessoas saíram da pandemia querendo arte, querendo música, isso é muito bom. Não podemos reclamar. Acho que todos estamos um pouco ávidos ao reencontro com o público, o público com o seu reencontro com os artistas, com os espaços de cultura. Nesse ano de 2024 também vamos ter bastante trabalho", conclui César.

Os portões do Circo Voador se abrem às 20h com a exibição de "Sob o Céu de Zabé" de Márcia Paraíso. Apresentado pelo Canal Curta!, o documentário conta a história da tocadora de pífano Zabé da Loca, a gente de seu lugar, seus amigos, sua terra e seu ritmo.

SERVIÇO

CHICO CÉSAR 60

Circo Voador (Rua dos Arcos s/nº - Lapa)

26/1, a partir das 20h

Ingressos entre R$ 70 (meia) e R$ 180

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