O maior craque do Engenhão

Zeca Pagodinho celebra 65 anos de vida e 40 de carreira com show histórico repleto de convidados no Estádio Nilton Santos

Por Affonso Nunes

Apesar da fama, Zeca mantém o jeito simples e odeia badalações

No último dia 12 de agosto Zeca Pagodinho entrou no gramado do Estádio Nilton Santos, o Engenhão, para cantar com a torcida do Botafogo uma das músicas que fazem sucesso na arquibancada. Isso aconteceu minutos antes da partida de seu clube de coração contra o Internacional (RS) na comemoração dos 119 anos do clube. Mas neste domingo, o alvinegro mais famoso de Xerém (e do Brasil!) volta ao estádio para comemorar seus 65 anos de vida e 40 de sucesso absoluto relembrando seus maiores sucessos

O show de Zeca marca a abertura da turnê nacional dos 40 anos de estrada e terá a participação de artistas de peso como Alcione, Seu Jorge, Jorge Aragão, Xande de Pilares, Iza, Diogo Nogueira, Djonga e Marcelo D2, entre outras surpresas. Eles se unirão ao sambista no palco, ampliando a celebração para além das fronteiras do samba.

A abertura do evento ficará por uma grande roda de samba comandada por Pretinho da Serrinha. E esse show que promete ser histórico será registrado para ser lançado em formato de DVD. Depois do Engenhão, a turnê enacara a estrada com shows em São Paulo (21 e 22/6), Florianópolis (13/7), Campinas (27/7), Curitiba (24/8), Porto Alegre (31/8), Brasília (14/9), Salvador (5/10), Recife (19/10), Natal (25/10), Belo Horizonte (23/11) e de 6 a 9 de dezembro no Navio Zeca Pagodinho - 40 Anos.

Zeca é, de forma incontestável, sinônimo de sucesso, o maior nome do samba na atualidade. Mas a fama não foi algo que ele perseguiu. Antes de ser trazido por Beth Carvalho para o centro dos holofotes, Zeca queria ser apenas compositor. Desprezava - e despreza até hoje - a cultura de celebridade, sejam as selfies ou os pedidos de autógrafo, que o impede de ter uma vida simples, algo que só consegue quando está na sua Xerém.

Com 14 ou 15 anos, Zeca diz, ele já escrevia. Nessa época, fez um poema no estilo acróstico com o nome da filha de uma vizinha, Alessandra, quando ela nasceu. Ouvia seresta e jovem guarda com a família, e era chamado de velho por gostar de sambas antigos de Elizeth Cardoso.

Queria estudar instrumentos, mas desde a adolescência não pôde porque tinha que trabalhar - motivo pelo qual criou o Instituto Zeca Pagodinho, em que oferece aulas de música. Entrou de vez nesse universo quando conheceu Arlindo Cruz e passou a frequentar rodas de samba, em especial a do Cacique de Ramos.

Antes do Cacique, diz Zeca, o samba da velha guarda era "reto". "Lá, [os instrumentistas] tocavam baixinho, para se ouvir quem estava cantando. Tinha muita gente, mas todo mundo tocava com disciplina e suavidade. Hoje em dia ficou tudo muito rápido, acelerado, não dá nem para ouvir a letra", atesta o bamba.

SERVIÇO

ZECA PAGODINHO - 40 ANOS

Engenhão - Estádio Nilton Santos (Rua José dos Reis, 425 - Engenho de Dentro)

4/2, a partir das 15h com roda de samba | Ingressos a partir de R$ 50 taxas no site https://zecapagodinho40anos.com.br