Por:

A Cultura se faz presente!

Angu | Foto: Divulgação

O Presença Festival está de volta para sua terceira edição oficial e traz uma explosão de cultura, música e representatividade para a cidade. Conhecido pela pluralidade nas artes e cultura, o festival reafirma o compromisso com a diversidade, destacando a potência da comunidade LGBTQIAPN e promovendo a inclusão e a igualdade em todas as formas artísticas.

Para a abertura oficial do evento, a partir desta terça-feira (28), de maio, será realizada uma Mostra de Teatro, apresentada pela Shell e totalmente gratuita, que reúne no Teatro Cesgranrio três espetáculos premiadíssimos e importantes para a cena cultural brasileira, com atores e diretores renomados, que trazem olhar diferenciado para temas como inclusão e diversidade: "Angu", "Meu Corpo Está Aqui" e "Dos Nossos para os Nossos".

"O Presença cresceu, o festival amadureceu e trouxemos nesta edição um olhar especial de valorização para as sonoridades brasileiras. São artistas que fazem parte da comunidade LGBTQIAPN ou que são comprometidas com a nossa causa. O festival cada vez mais valoriza essas camadas que a diversidade tem e o debate é interseccional, com o objetivo dar visibilidade e reconhecimento a mulheres, pessoas da comunidade LGBTQIAPN , pessoas pretas, PcDs (Pessoas com Deficiências) ou de povos originários através da arte e cultura", afirma o publicitário e produtor cultural José Menna Barreto, idealizador, diretor artístico e curador do evento.

"Um dos pilares para escolha de nossos patrocínios culturais é o projeto englobar diversidade, equidade e inclusão como atributos centrais nas suas ações. O Presença Festival cria espaços de visibilidade para artistas que compõe grupos minoritários, estando alinhados com um dos compromissos da companhia com a sociedade: o de promover um futuro melhor através da arte, acreditando, assim como a Shell, na força da cultura como vetor transformador de realidades", comenta Alexandra Siqueira, Gerente de Comunicação Externa da Shell Brasil.

Continua na página seguinte

 

Protagonismo para os excluídos

Meu Corpo Está Aqui | Foto: Silvia Machado/Divulgação

"Angu" aborda histórias vivenciadas por pessoas negras gays - ou "bixas pretas", buscando subverter o olhar social fetichista que as objetifica, criminaliza e hiperssexualiza, em meio à celebração da vida. A autoria é do escritor Rodrigo França, que também assume a direção da peça, indicada duas vezes ao 34º Prêmio Shell de Teatro.

A ideia do espetáculo nasceu da vontade de falar sobre liberdade e sobre as pessoas que só desejam ser felizes, mas são impedidas porque a busca dessa felicidade tem a ver com liberdade de ser o que se é.

No elenco, Alexandre Paz e João Mabial se revezam em personagens diversos, como um sargento da Polícia Militar que honra a sua farda, mas tem a sua sexualidade como alvo de piadas; um jovem estudante de enfermagem que se deslumbra com a classe média branca e deseja ser por ela incluído; o sonhador que se envolve numa tarde de amor; o menino encantado com o que dizem do seu tio Gilberto, um homem negro gay que desapareceu no mundo para fazer a sua arte longe da família homofóbica; e Madame Satã, transformista que teve que largar a arte para viver à margem como malandro da Lapa. Também faz uma homenagem ao Les Étoiles, icônica dupla queer negra brasileira que abriu as portas da Europa para a MPB.

"Retratamos pessoas que só desejam ser o que realmente são. Mesmo ficcionais, são vidas expostas colocando as nuances e subjetividades necessárias, para buscar a humanidade. Que 'Angu' nos alimente de reflexões e nos fortaleça de axé", afirma Rodrigo França, que atualmente participa do programa Sem Censura, da TV Brasil, e dirigiu a série Humor Negro, transmitida na Globoplay e no Multishow.

A segunda peça de destaque no evento é "Meu Corpo Está Aqui", que parte das experiências pessoais de quatro atrizes e atores PCDs (pessoas com deficiência) para abordar suas descobertas afetivas e sexuais e os obstáculos encontrados nesta jornada. Em cena, o elenco, formado por Bruno Ramos, Haonê Thinar, Juliana Caldas e Pedro Fernandes, fala abertamente sobre relacionamentos, corpos e desejos por meio de depoimentos ficcionalizados pelas artistas cariocas Julia Spadaccini, autora e idealizadora do projeto e também pessoa com deficiência auditiva, e Clara Kutner, que assume a função de diretora. Questionando com ironia e lirismo concepções culturais e históricas a respeito do que é considerado "normal", o espetáculo celebra estes corpos invisibilizados socialmente e aprofunda as reflexões sobre suas subjetividades.

"Ser uma autora PCD e estar num projeto onde todos em cena tambem sao, e uma vivência de vasta inclusao . Precisamos de PCDs protagonizando filmes, pecas, programas de TV e não com a invisibilidade que acomete o corpo com deficiência, seus desejos, amores e sexualidade", ressalta Julia. "Queremos levantar questoes e embaralhar a logica da eficiência. Para mim, é uma peca desejo-manifesto onde os atores se misturam, se embolam, celebram seus corpos, com algumas historias tristes, uma dose alta de ironia e muitas perguntas que nao temos como responder", completa Clara, que também já atuou na direção de novelas como Um Lugar ao Sol, da TV Globo.

E, para encerrar o evento, um espetáculo teatral interativo, importantíssimo para a cena cultural carioca, "Dos Nossos para os Nossos", que resgata e valoriza a identidade da cultura preta brasileira e sua ancestralidade.

O trabalho nasceu a partir da esquete teatral de mesmo nome criada pelos artistas e idealizadores do projeto, Êlme e Patrick Congo, que trabalham como atores da peça, ao lado de Leandro Guedes, Leona Kalí, Rafael Rougues e Standin Vanu Rodrigues.

Ao ressaltar a cultura preta, a peça também faz referência a grandes personalidades da história. A partir de um jogo cênico com projeções, clipes, músicas e coreografias, o espetáculo se apresenta também como um manifesto antirracista que conta a história desses corpos ancestrais, na figura de dois reis, que questionam sua civilização atual e suas mazelas. "Queremos que as pessoas saiam enaltecidas e empretecidas. Sim, empretecer é preciso. O Brasil é preto", ressalta o diretor Tiago Ribeiro.

SERVIÇO

MOSTRA DE TEATRO DO PRESENÇA FESTIVAL

Teatro Cesgranrio (Rua Santa Alexandrina, 1011 - Rio Comprido)

28 e 29/5, às 20h: "Angu"

30 e 31/5, às 20h: "Meu Corpo Está Aqui"

1 e 2/6, às 19h e 18h, respectivamente: "Dos Nossos para os Nossos"