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Al Pacino em suas próprias palavras

Por Rodrigo Fonseca

Especial para o Correio da Manhã

De volta às telas brasileiras hoje, como coadjuvante de luxo em "Pacto de Redenção" ("Knox Goes Away"), Al Pacino apoiou Johnny Depp, seu parceiro de cena em "Donnie Brasco" (1997), quando ele buscava apagar o fogo da batalha judicial que enfrentou contra sua ex, atriz Amber Heard, rodando um filme, "Modi - Three days on the Wing of Madness". A ajuda de Pacino se deu na forma de uma atuação magistral (mais uma das múltiplas com que já deslumbrou as telas) na cinebiografia do artista plástico Amedeo Modigliani (1884-1920) lançada na última terça no Festival de San Sebastián, na Espanha. Exibido fora de competição, o segundo longa de Depp como realizador ("O Bravo", de 1997, foi o primeiro) traz o eterno Michael Corleone no papel do colecionador Maurice Gangnat. Seu embate com Modigliani (interpretado pelo italiano Riccardo Scamarcio) deixou a maratona cinéfila basca. Ao 84 anos, Pacino não pode prestigiar a première da produção, pois anda ocupado com o lançamento internacional de um livro de memórias, "Sonny Boy", que a Rocco lança por aqui em outubro.

É uma prosa que adensa sua aversão a futilidades do mercado do entretenimento. Embora parecesse meio doidão quando foi anunciar a vitória de "Oppenheimer", na festa do Oscar, em março, Pacino é assim mesmo: o circo midiático do cinema nunca fez sua cabeça. É só olhar suas escolhas para entender o quanto ele optou por ser um outsider, fazendo do teatro um refúgio sempre que precisa. Antes de filmar com Depp, deixou-se dirigir por outro ator de peso, Michael Keaton no já citado "Pacto de Redenção", no qual interpreta o aliado de um matador de aluguel. Sempre de olho teatro, à caça de peças de Shakespeare ou de Brecht para montar, ele em pela frente os longas "Billy Knight" e "Na Mão de Dante". Esses são seus passos para o futuro. Acerca do passado... bom, sobre sua vida pregressa, marcada por títulos como "Um Momento, Uma Vida" (1977), ele tem muito a dizer em seu relato autobiográfico, no qual revive detalhes do movimento cinéfilo ao qual ele emprestou seu talento: a Nova Hollywood. Os dois primeiros capítulos da trilogia "O Poderoso Cehfão" (1972/1974) são marcos dessa onda estética.

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