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Da lama à arte

Meninos com mãos de caranguejo na concepção do artesão Daniel Lau | Foto: Fotos Divulgação CRAB

Um mergulho na força, criatividade e sonoridade do solo recifense, através do resgate cultural do movimento manguebeat aliado ao empreendedorismo, é o que propõe a exposição "Mangue e Beats: bioma, sociedade e cultura", que vai ocupar o Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB) a partir desta terça-feira (28). Em parceria com o governo de Pernambuco, o Sebrae/PE leva ao CRAB mais de 240 obras de artistas pernambucanos, além de instalações em três ambientes que contam com fotografias, painéis, vídeos e moda autoral pernambucana.

Para o superintendente do Sebrae/PE, Murilo Guerra, a ocupação no CRAB é uma ação que corrobora para manter viva a herança cultural desse importante movimento pernambucano. "Esse resgate também é um estímulo à criatividade e à inovação, que fortalece os artistas locais e promove a diversidade cultural, além de reverberar no impulsionamento do turismo e da economia criativa de Pernambuco", destaca.

"Vamos oferecer aos visitantes mais uma mostra da diversidade e beleza da cultura popular de nosso país. A exposição "Mangue e Beats" explora a influência no artesanato de um importante movimento cultural brasileiro, que misturou elementos da música tradicional pernambucana, como o maracatu, o frevo, o rock com música eletrônica. Esse espírito de inovação e fusão criativa se refletiu na rica produção de artistas de Pernambuco", comenta o diretor de Desenvolvimento do Sebrae Rio e diretor do CRAB, Sergio Malta.

Segundo Ana Maria Pedroza, arquiteta e uma das curadoras da exposição, a curadoria da ocupação possui três núcleos distintos: o da transversalidade, que transita entre o bioma mangue e a cultura popular, o da estética de referência própria, com materiais e fontes de extração ligadas ao bioma mangue, e o universo óbvio, que retrata os próprios personagens do movimento e o desdobrar do manifesto nos dias de hoje.

Na exposição, os visitantes poderão apreciar a expressão popular da inventividade ligada à sustentabilidade de vários artistas, a exemplo dos mestres Cunha, Abias, Zé Alves e Luiz Benício. A representação do pop na arte popular se mostra em muitas obras, com especial destaque as peças de Bruno Daltro, André Menezes e Glauber Arbos. "Assim como o fazer manual das golas de maracatu e demais acessórios do folguedo, o valor do feito à mão se espalha e toma força singular nas mãos dos artesãos de Pernambuco", destaca Ana Maria Pedroza.

Há uma transversalidade sobre a temática mangue que perpassa o movimento e o que se produz hoje no artesanato pernambucano. "Diferente da música, do cinema e da moda, o movimento mangue teve uma reverberação indireta no artesanato. Não há registros de algo que foi produzido especialmente a partir de diretrizes do movimento, ou de seu manifesto, mas, sem dúvidas, esse recorte de tempo-espaço imprimiu seus reflexos no que alguns artesãos produzem hoje".

A curadora destaca ainda que "um fato importante para o registro de imagética do movimento vem da ligação quase que de professor-aluno que Chico Science teve com Mestre Salustiano, e, a partir dessa ligação, a já consolidada estética do Maracatu Rural se funde à estética mangue pop".

A ocupação "Mangue e Beats: bioma, sociedade e cultura" também faz um diálogo com a moda, expondo marcas que faziam parte do Mercado Pop, feira itinerante criada em 1995 que fez parte da cena manguebeat. O público vai ter a oportunidade de conhecer as marcas Período Fértil e a FAG, que fizeram parte das edições do Mercado Pop, Xuruca Pacheco, estilista que veste muitos artistas da cena pop e trabalha com sobras de confecções e materiais que foram descartados no lixo. Também serão expostas roupas dos estilistas Leila Bastos, Jailson Marcos, Agender, Lu Pontual, Luciana Meireles, entre outros nomes da moda pernambucana.

SERVIÇO

MANGUE E BEATS: BIOMA, SOCIEDADE E CULTURA

CRAB (Praça Tiradentes, 69 - Centro)

De 28/11 a 28/2/2024, de terça a sábado (10h às 17h)

Entrada franca

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