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Arte que sai da tela e ganha novas formas

A boneca foi produzida no ateliê Faemam, fundado em 1984, pelas mãos de Luciano Roberto do Nascimento. Diego acampanha o processo | Foto: Divulgação

Oartista plástico Diego Mendonça lança nesta quinta-feira (30) a Boneca de Estanho, dando vida à sua coleção de pinturas que retratam crianças com roupas da realeza, mas com estampas africanas, cada uma delas representando um direito ou sentimento necessário ao desenvolvimento infantil.

Diego Mendonça empresta sua arte para dar voz à ancestralidade e à herança africana, tão presentes em nossa cultura, bem como confirma a tradição do estanho na identidade histórica de São João del-Rei, cidade natal e sede de seu ateliê.

A boneca será produzida no ateliê Estanhos Faemam, fundado em 1984, pelas mãos do artista Luciano Roberto do Nascimento, que trabalha com estanho desde 1987.

Com uma técnica aprimorada e esse conceito, o artista mostra aquilo que as crianças, seja qual for a sua cor, necessitam: amor, alimento, palavra de Deus, oração, cuidado, luz e dedicação. Dessa maneira, por intermédio da arte, oferece ao observador aspectos da nossa sociedade que precisam ser urgentemente revisitados.

Se existe um objetivo, é acabar de vez com qualquer dúvida que recaia sobre a existência e a potência da cultura negra brasileira. Essas crianças não são notas de rodapé, são o tema que atravessa todos os capítulos do que se chama de arte brasileira, pelas mãos de Diego Mendonça que, em 2023, recebeu o Prêmio Top of Mind, na categoria Artista Internacional, e vem se destacando no Brasil e no exterior, com trabalhos seus nas mãos de diversas personalidades.

Em uma das principais cidades históricas do Brasil, as peças artesanais em estanho trazem consigo uma natureza simbólica que mantém viva sua identidade cultural, através da religiosidade, das procissões, do sinos típicos do local, ao lado da arquitetura colonial e outras manifestações históricas

A produção de estanho teve início no século 18, quando era usado na confecção de utensílios domésticos e litúrgicos. Mais tarde, foi substituído por objetos de alumínio e de outros materiais. Porém, na década de 60, o antiquário inglês John Lionel Walter Somers, trouxe de volta a fabricação de peças de estanho, consolidando e fortalecendo a tradição. Fábricas de produtos feitos com esse mineral foram se multiplicando pela cidade mineira.

Mas, mesmo feitas hoje em dia, as peças guardam as mesmas características coloniais do século 18. Um elo com o passado que guarda a tradição e a identidade histórico-cultural da região.