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Do palco para as telas

Fernando Mendonça pinta uma tela durante show Tecnomacumba, de Rita Benneditto, no Circo Voador; abaixo e ao lado, telas criadas pelo artista plástico maranhense | Foto: Rogério von Krüger/Divulgação

Marco na carreira da cantora e compositora maranhense Rita Benneditto, o show Tecnomacumba deixa frutos nas artes visuais através da exposição "Cantos, Cores e Telas - Tecnomacumba de Rita Benneditto pelo traço de Fernando Mendonça", que marca a reinauguração do Museu da História e da Cultura Afro-brasileira (MUHCAB), na Zona Portuária, na região outrora conhecida como Pequena África.

Em celebração aos 20 anos do projeto Tecnomacumba, com curadoria do artista visual e músico Cabelo Cobra Coral, a exposição reúne 15 obras em tela e chapa acrílica do multiartista maranhense Fernando Mendonça, criadas durante os shows da cantora.

Um dos espetáculos mais festejados da nova MPB, Tecnomacumba é uma intervenção cultural e um manifesto de brasilidade que há 20 anos vem encantando plateias no Brasil e em outros países, como Hungria, França e no Senegal. No repertório, pontos e rezas ligados às religiões de matrizes africanas mesclados a clássicos da MPB, de autores como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Jorge Ben, em que entidades símbolos da nossa fé são louvados e evocados, com arranjos modernos, em roupagem eletrônica. Tudo isso apresentado de forma inovadora e criativa, com produção arrojada, ganhando de vez as pistas do mundo.

Amigo e parceiro de Rita dos tempos que moravam em São Luís, Mendonça reencontrou a cantora no Rio, onde escolheram morar e mantêm, até hoje, uma forte ligação de irmandade artística, presente desde a estreia do show Tecnomacumba, em 2003. Fernando é responsável pela primeira identidade do projeto ao pintar a imagem da Cabocla Jurema, guia mestra do Tecnomacumba.

O processo, intitulado live painting, consiste na criação das obras ao vivo no palco, simultaneamente às apresentações da cantora. A ideia partiu de Rita que percebeu a importância de registrar imagens dos deuses e deusas da mitologia africana, presentes no repertório do show, sendo pintados enquanto entoava seu cântico sagrado a eles. "O transe que acontece durante o show é muito forte e pulsa nos corações de todos presentes, e o fato de ter um artista plástico, uma cantora e a plateia, condensando toda essa energia em canto, cores e telas, cria uma atmosfera divina que envolve a todos e, que hoje pode ser contemplada permanentemente nessa exposição", destaca Rita, que em 2010 recebeu o prêmio de Melhor Cantora na categoria canção popular no Prêmio da Música Brasileira.

SERVICO

CANTO, CORES E TELAS - TECNOMACUMBA DE RITA BENNEDITTO PELO TRAÇO DE FERNANDO MENDONÇA

Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira - MUHCAB (Rua Pedro Ernesto, 80 - Gamboa)

Até 28/7, de terça a domingo (10h às 17h)

Entrada franca