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A magia de remodelar realidades

As obras da produção recente de Marcela Cantuária podem ser vistas até domingo | Foto: Divulgação

Termina neste domingo (7) a exposição "Transmutação: alquimia e resistência", da carioca Marcela Cantuária, em cartaz no Paço Imperial. A artsita plástica apresenta obras recentes e inéditas, encerrando um hiato de cinco anos sem uma individual na cidade.

Com curadoria de Aldones Nino e assistência curatorial de Andressa Rocha, a mostra traz cerca de 20 obras que chamam o espectador à reflexão.

"Cantuária não se limita a pintar; ela conjura, diariamente engajando-se em uma prática que se assemelha à magia, capaz de remodelar a realidade, redefinir narrativas e transformar perspectivas. Como uma alquimista contemporânea, cada tela age como um encantamento, um chamado e à transformação. Ela propõe uma reinvenção constante da criação artística, estabelecendo conexões entre múltiplas temporalidades", afirmam os curadores no texto que acompanha a exposição.

A mostra traz trabalhos produzidos desde 2016 até os dias atuais, sendo três inéditos, realizados especialmente para esta exposição. As obras trazem questões como o protagonismo político feminino, a luta de classes e a divisão de poderes. Elas também evidenciam a diversidade de técnicas utilizadas pela artista ao longo dos anos, caminhando da tela para o espaço por meio da utilização de mídias como tecido, madeira e cerâmica.

"A exposição aborda diversos momentos da minha trajetória, desde onde a minha pintura começa, até onde estou neste momento", conta a artista.

Entre as obras inéditas, estão duas pinturas de "Mátria Livre", pesquisa que a artista desenvolve há oito anos, elaborando, por meio de um vocabulario plastico-formal, narrativas sobre como reencantar figuras femininas de luta contra o capital, o colonialismo e o patriarcado.

A espinha dorsal da serie consiste em reverenciar aquelas que construiram e disputaram espacos na politica, lutando com teoria e pratica. As novas pinturas trazem a poeta grega Safo, que viveu na ilha de Lesbos, e Marleide Vieira, militante do MST de Pernambuco, assassinada no ano passado pelo marido ao pedir o divórcio. "Represento mulheres que inspiram ações, trazendo a minha perspectiva, mostrando principalmente a força feminina. São imagens de mulheres que, na maioria dos casos, existem ou existiram enquanto lutadoras. É como criar um panteão dessas mulheres, lugar de merecimento e de imortalidade também", afirma a artista.

Além das pinturas, está em destaque na exposição a obra "A grande benéfica" (2021), um autorretrato da artista, pintado sobre biombo, medindo 1,80m X 1,80m. "É uma imagem ícone da exposição. Essa obra fala muito da relação que eu tenho com o tarô, fiz uma releitura da carta dois de copas, que representa o romance, e da carta do mundo, que é a realização, o ciclo, e mesclei com partes íntimas da minha vida", conta Marcela Cantuária.

O nome da exposição, "Transmutação: alquimia e resistência", é repleto de significados, assim como as obras.

SERVIÇO

TRANSMUTAÇÃO: ALQUIMIA E RESISTÊNCIA

Paço Imperial (Praça XV de Novembro, 48 - Centro)

Até 7/7, das 12h às 18h | Entrada franca