Corpos ressignificados

Artista visual catarinense Sérgio Adriano H expõe sua produção mais recente ne exposição 'desCOLONIZAR CORpos', que abre nesta terça na Caixa Cultural Brasília

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Imagens da exposição 'desCOLONIZAR CORPOS' em que o fotógrafo Sérgio Adriano H, que trata dos processos de exclusão vividos pela população negra no Brasil

A Caixa Cultural Brasília apresenta, a partir desta terça-feira (17) a exposição "desCOLONIZAR CORpos", do do artista visual catarinense Sérgio Adriano H, que problematiza o que a história apresenta como verdade nos processos vividos pela população negra no Brasil.

A mostra traz 30 obras da produção mais recente do artista. Sérgio Adriano H propõe pensar nas histórias não contadas, apagadas e silenciadas de pessoas negras. Para tanto, apropria-se de livros, objetos e imagens onde o povo negro aparece, mas não como agente da história, e os ressignifica a partir da noção de pertencimento e de protagonismo.

A exposição fica na Caixa Cultural Brasília até 17 de dezembro.

"Em 'desCOLONIZAR CORpos', Sérgio nos apresenta obras que tensionam as dualidades e contestam as barbaridades, realiza mapeamentos de palavras e imagens que permeiam o universo da discriminação e perpetuam os desacertos entre a história ocultada e a história dada na significação da sociedade brasileira", aponta a curadora Juliana Crispe.

Sujeito contemporâneo, Sérgio, segundo a curadora, proclama em sua produção mudanças estruturais, desloca as classes, as culturas identitárias, a sexualidade, os gêneros, as etnias, as raças e a nacionalidade. "Retira a solidez das fronteiras entre a multiplicidade dos corpos e aponta outros modos de ver sua ancestralidade, suas ânsias, para criar maneiras de narrar a própria vida", descreve a curadora.

A partir desses paradigmas, o artista, que também é performer e pesquisador, questiona, como ele mesmo conceitua, os "sistemas de verdade" ou a "verdade apresentada" que funciona a serviço do poder, da economia, das religiões ou dos grupos que se perpetuam no topo da pirâmide social.

Neste giro decolonial, o artista insere os visitantes em um movimento que consiste em olhar para a história sem negá-la, porém, interrogando-a e sugerindo novos sistemas. "Não é um novo universo que se apresenta como verdadeiro, mas que busca, sobretudo, interrogar os universos previamente existentes, fazendo com que deixem de ser referências incontestáveis ou as únicas legitimadas", discorre Juliana.

SERVIÇO

desCOLONIZAR CORpos

CAIXA Cultural Brasília (SBS Quadra 4 Lotes 3/4)

De 17/10 a 17/12, de terça a domingo (9h às 21h) | Entrada franca