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Brasília, mostra a tua arte

VIK Muniz - 8 de Janeiro de 2023 | Foto: Divulgação

A FGV Arte, espaço experimental e de pesquisa artística da Fundação Getulio Vargas, inaugura a exposição "Brasília, a Arte da Democracia, sob curadoria de Paulo Herkenhoff, nesta sexta-feira (12), a partir das 18h.

Durante os últimos quatro anos, Herkenhoff levantou um material tão extenso que precisou dividir em etapas. A de Brasília, a arte da democracia reúne artistas das cinco regiões do país, que recorrem a uma vasta diversidade de técnicas e modos de vivenciar a arte, "como 'exercício experimental da liberdade', conforme o aforismo de Mário Pedrosa, considerado o maior crítico de arte de todos os tempos", lembra o curador.

São 180 itens de 80 artistas, incluindo documentos, como o diploma de Candango, conferido aos operários, que levantaram a nova cidade, por Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil, de 1955 a 1961, responsável pela construção da nova capital e a transferência do poder do Rio para o planalto central; o croqui do plano piloto assinado por Lúcio Costa e o manuscrito de Oscar Niemeyer sobre o monumento JK.

"A conceituação desta exposição perfaz um arco histórico, desde a criação da cidade até os atuais movimentos em defesa da democracia e da liberdade. Se Brasília é uma epopéia notável no plano internacional, sua história da cultura se desdobra, ao longo de seis décadas, por brasilienses e por brasileiros de todos os recantos", descreve o curador.

Em exibição, trabalhos de artistas contemporâneos como Cildo Meireles, Vik Muniz, Rosângela Rennó, Anna Maria Maiolino, Carlos Zílio, Jonathas de Andrade, Daiara Tukano, Adriana Cariu, Xadalu, Pedro Motta, Bené Fonteles, Siron Franco; fotos de Evandro Teixiera, Milton Guran, Leonardo Finotti, Orlando Brito, Ricardo Stuckert, Joaquim Paiva; livros de Elio Gaspari, Nicolas Behr e Raúl Antelo (sobre Maria Martins e Duchamp); mobiliário de Oscar Niemeyer, Sérgio Rodrigues, Lina Bo Bardi, Bernardo Figueiredo e Zanine Caldas; obras de consagrados como Maria Martins, Marcel Duchamp, Guignard, Mary Vieira, Ceschiatti e Rubem Valentim; uma foto-instalação, com 42 imagens geradas por IA, de Christus Nóbrega, que reimagina utopicamente os personagens e o processo de edificação da capital federal.

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Resistência fez da cidade a capital moral do país

Evandro Prado - Série Discordância | Foto: Divulgação

O curador Paulo Herkenhoff analisa a capital federal sob o prisma político-temporal. "Brasília teve um longo batismo de fogo contra o autoritarismo, golpes e tentativas de abolição do Estado de direito. Com a resistência aos ataques recentes à sede dos Três Poderes, a cidade conquistou seu título de capital republicana, democrática, enfim, agora também a capital moral do Brasil e sua voz luminosa é a Constituição cidadã de 1988", destaca.

Kerkenhoff explica que com "Brasília, a Arte da Democracia", a FGV Arte "fixa seu padrão inovador de abordar uma agenda acadêmica de reflexão profunda, através de exposições, publicações, simpósios, cursos e um programa de ação mediadora junto a um público muito diverso".

A exposição presta homengem a Vera Brant (1927-2014). Mineira de Diamantina, a mesma cidade de Juyscelino, mudou-se para Brasília em 1960 e nunca mais saiu de lá. Era confidente de JK, amiga de políticos, diplomatas e artistas. Ajudou Darcy Ribeiro a fundar a Universidade de Brasília, trocava cartas com Carlos Drummond de Andrade, reunidas em um dos seus vários livros publicados. Perdeu seu cargo público durante a ditadura militar de 1964, e se tornou empresária do mercado imobiliário.

"Ela foi o primeiro e generoso periscópio para enxergar Brasília como uma rede extratemporal e extraterritorial", conta Herkenhoff. Vera teceu Brasília, unindo JK, Niemeyer, Athos Bulcão, Darcy Ribeiro, Wladimir Murtinho, UnB, Gilmar Mendes, Zanine Caldas, Rubem Valentim e Galeno.

A mobilidade de Vera Brant por campos de ação tão variados guiou o grupo curatorial a perceber que Brasília, além do campo predominantemente masculino do poder, é uma cidade feminina. A exposição inclui o grupo de mulheres escultoras de Brasília - Maria Martins, Mary Vieira, Marianne Perretti, as ceramistas Karajá, até o núcleo de artesãs e escultoras de Planaltina.

Radicado na capital federal desde a adolescência, o poeta matogrossense Nicolas Behr (presente nesta coletiva), escreveu em seu livro "Braxilia" (Ed. Fósforo) que "Brasília precisa da arte para se desvincular do poder e, finalmente, virar Braxilia".

SERVIÇO

BRASÍLIA, A ARTE DA DEMOCRACIA

FGV Arte (Praia de Botafogo, 190)

De 12/6 a 14/7, de terça a sexta (10 às 20h), sábados, domingos e feriados (10h às 18h)

Entrada franca

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