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Mauro Martins: 'Minhas fotografias carregam muito de meu olhar cinematográfico'

Mauro Martins apresenta coleções documentais, de paisagens, arquitetura, cotidiano, revelando um pouco do Brasil por onde passou ao fazer filmes e documentários | Foto: Mauro Martins

Depois de 38 anos dedicados à imagem em movimento, o fotógrafo e cineasta Mauro Martins abre seu arquivo de fotografias, captadas nas suas andanças profissionais e pessoais, em um site para divulgação, exposição e venda de fotos. 

"Tenho muita coisa registrada, comecei a fotografar antes mesmo de entrar para o audiovisual e nunca parei. Minhas fotografias carregam muito do meu olhar cinematográfico de diretor de fotografia e de operador de câmera", explica. São fotografias coloridas e em preto e branco, documentais e conceituais que mostram o olhar atento e crítico de quem passou uma vida olhando por um visor.

Em seu novo site, Mauro apresenta coleções documentais, de paisagens, arquitetura, cotidiano, entre outras, e revela um pouco do Brasil por onde passou para fazer os filmes e documentários. "O audiovisual leva a gente para lugares que jamais iríamos por conta própria."

Mauro Martins trabalhou como diretor de fotografia em produções de audiovisual como "Retratos de uma Pandemia" (Globoplay), "Receitas de Viagem" (Discovery) e "Missões de Vida" (HBO), no qual também assina a direção de cena, além de ter operado a câmera do cultuado "Bicho de Sete Cabeças" (2001), dirigido por Laís Bodanzky.

Porém a transição das imagens em movimentos para a fotografia estática não foi tão automática quanto parece. "Comecei a organizar meus arquivos de fotos still e percebi que não seria fácil juntá-las e criar uma narrativa que fosse além de belas imagens."

Apesar de muitas semelhanças, também há várias diferenças entre as duas linguagens. Nos trabalhos que dirigiu no audiovisual, partia sempre de um roteiro pré-estabelecido. E se valia não só das imagens, mas também dos diálogos, da narração, da música e da montagem.

Mas com as fotografias foi diferente: "De repente me vi envolto por centenas de imagens com as quais não conseguia criar uma narrativa para mostrá-las. Foi nisso que a pós-graduação me ajudou muito. Foram várias horas de discussão e textos sobre poética da imagem, simbologia, autoria, ensaios, narrativas e tudo mais ligado à imagem fotográfica. Realmente me abriu um horizonte novo."

Tudo isso pode ser visto no novo site do fotógrafo. "Quando exibo uma foto, espero causar no observador algum tipo de afeto, no sentido de afetar a forma como ele ou ela vê o mundo", resume.