Olhar plural sobre o Rio

Museu Histórico da Cidade recebe exposição que apresenta o trabalho de 10 artistas contemporâneos que dialogam com o acervo da instituição

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Os artistas criaram obras em diálogo com peças do acervo do museu

Repensar e refletir o Rio de Janeiro pelo olhar plural de diversos artistas é é a principal proposta da exposição "Rio de Corpo e Alma", que abre suas portas no casarão de exposições temporárias do Museu Histórico da Cidade, na Gávea, no próximo domingo (19), véspera do Dia de São Sebastião, o padroeiro da cidade. Sob a curadoria de Isabel Portella, os artistas foram convidados a apresentar uma obra inspirada a partir de um seleto acervo da reserva técnica do museu, trazendo um diálogo entre o passado e o presente da cidade sob diferentes linguagens.

O projeto foi criado com o objetivo de enaltecer as belezas, a cultura e o estilo de vida carioca em meio às comemorações dos 460 anos de fundação da cidade, a serem comemorados em 1º de março.

"Tivemos essa oportunidade maravilhosa de realizar um projeto que resgata um Rio poético e celebrativo de uma forma alegre, sem ser nostálgico", comenta a produtora executiva do projeto, Fabiana Gabriel.

Ao todo, a exposição reúne o trabalho de dez artistas contemporâneos, diversos e multidisciplinares, que foram instigados a repensar o traçado, a beleza, natural ou construída do Rio para apresentar um novo/outro olhar contemporâneo para a cidade. "Nem todos são cariocas. Alguns vêm de outros estados, mas adotaram o Rio como casa", acrescenta Bel Tinoco, coordenadora geral do evento.

O ponto de partida foi o acervo do próprio Museu Histórico da Cidade, que representa um importante registro do desenvolvimento urbanístico, político e social do Rio de Janeiro. Com cerca de 24 mil bens culturais, a coleção conta com mobiliário, numismática, armaria, escultura, pintura, joalheria, gravura, fotografia, porcelana, cristais, mapas e projetos paisagísticos e arquitetônicos, entre outros itens, pertencentes aos antigos prefeitos da cidade.

Cada artista escolheu uma ou mais peças da reserva técnica para criar uma obra em diálogo com a original. O resultado são esculturas, fotografias, pinturas, instalações e performances, que trazem uma reflexão coletiva sobre a história da cidade, sua configuração de metrópole contemporânea e as transformações pelas quais vem passando ao longo desses anos.

Entre os trabalhos, destacam-se o da artista Andrea Hygino, carioca do Méier, que costuma trabalhar sobre a questão da carência alimentar. A artista criou pinturas em louças em contraponto a peças do museu que fazem referências a banquetes, propondo uma reflexão do sentar-se à mesa e da fartura como uma crítica social.

Moradora do Rio há muitos anos, envolvida com o carnaval carioca, a paraense Rafa Bqueer criou para a exposição uma obra instalativa com referências amazônicas, a partir de um figurino de uma turma de Bate-bolas do acervo do museu. O carnaval dos Clóvis ou Bate-bolas (grupos tradicionais de foliões do subúrbio carioca) também serviu de inspiração para o fotógrafo Andre Arruda, que traz ampliações de fotos ainda inéditas de sua premiada série sobre os Bate-bolas em contraponto a registros fotográficos do carnaval do Rio antigo.

Conhecida por suas expressivas pinturas que sublinham a complexidade do contexto social e da paisagem do subúrbio carioca onde mora, a artista Márcia Falcão também mergulhou em referências do carnaval carioca para apresentar a pintura intitulada "Feira de Madureira", trazendo um retrato festivo do famoso bairro da Zona Norte, um reduto tradicional do samba. Nascida na Guatemala, a artista plástica Julie Brasil, criou grafites inspirados em fotografias do acervo de sete maravilhas do Rio.

A exposição conta ainda com performances, um ciclo de debates com a curadora, convidados e os artistas envolvidos, além de visitas guiadas para estudantes da Rede Pública de Ensino do Rio de Janeiro.

SERVIÇO

RIO DE CORPO E ALMA

Museu Histórico da Cidade (Parque da Cidade - Estrada Santa Marinha s/nº - Gávea) | De 19/1 a 9/3, de terça a domingo (9h às 16h) | Entrada Franca