Se as apresentações do circo são conhecidas pelas acrobacias extravagantes, a soma da patinação do gelo exigiu treinamento extra. Os patinadores contratados exclusivamente para o espetáculo, criado em 2017, precisaram estudar sobre acrobacias, enquanto os acrobatas aprenderam a patinar.
"Antes de entrar para o Cirque du Soleil estávamos acostumados com outros patinadores ao nosso redor, não pessoas sendo jogadas no ar. Tem muitas coisas acontecendo sobre nossas cabeças nesse espetáculo, o que não é normal para nós" diz Michael Helgren, artista de "Crystal" e patinador profissional.
Em um dos números, ele é responsável por empurrar, patinando sobre o gelo, uma espécie de barra enorme de pole dance pendurada ao teto, que balança em movimentos pendulares para que outros artistas pulem de uma estrutura a outra, dando cambalhotas no ar - enquanto a plateia, em uma espécie de curiosidade mórbida, emite gritinhos de espanto ao testemunhar a capacidade física dos artistas.
Os corpos rápidos dos patinadores são constantemente acompanhados por holofotes graças a dispositivos GPS equipados em seus figurinos, enquanto um minucioso sistema de segurança, baseado em fios de aço e colchões antiderrapantes, sustentam as acrobacias aéreas.
Mas, apesar do investimento tecnológico, "Crystal" mantém figuras tradicionais da cultura circense. O palhaço, desajeitado, faz rir quando tenta fazer algum número mirabolante e dá tudo errado. Ele é o único a quebrar a 'quarta parede', jogando bolas de neve no público.
Já o malabarista é o maestro que comanda uma cena inteira de dança no gelo, ditando o ritmo dos patinadores com bolinhas cor de rosa. Músicas acústicas dão vida a todo o espetáculo, intercaladas por hits dramáticos como "Halo", da Beyoncé, e "Chandelier", da Sia.
Se nos Estados Unidos o Cirque conta com arenas de hóquei para a montagem de "Crystal", no Brasil será necessário cuidado extra com a estrutura. Isso porque, caso o chão de gelo não seja mantido na temperatura adequada, seu amolecimento pode gerar acidentes.
Uma tenda enorme, utilizada para o espetáculo "Toruk", abrigará o chão gelado dos dias 13 a 23 de junho no Rioarena, no Rio de Janeiro, e dos dias 5 de julho a 6 de outubro, no Parque Villa-Lobos, em São Paulo. Com 20 metros de altura, a estrutura pode abrigar até 3.500 pessoas.
O enredo também passará por alterações, segundo Crystal Manich, diretora artística do espetáculo que, por coincidência, leva o mesmo nome da protagonista. Mas o essencial, a jornada da adolescente em busca de aceitação, ainda é o foco da trama. "Acho que muitas pessoas se conectam com essa coisa de ter sido motivo de piada na escola, ou da desconexão com os pais", diz.
SERVIÇO
CRYSTAL
Rioarena (Av. Embaixador Abelardo Bueno, 3401 - Barra da Tijuca)
De 13 à 23/6
Ingressos entre R$ 361 a R$ 380