"O que proponho é uma exposição só com artistas mulheres independentes. Mães solo, mulheres negras, lésbicas, trans, periféricas, deficientes, idosas e mulheres livres que fazem seus trabalhos com garra e força, independentes de críticas e do mundo fálico dos curadores homens que habitam o nosso cenário artístico atual", explica Isabel Portella.
O livro "Um Teto Todo Seu" é uma coletânea de palestras de Virginia Woolf ministradas em faculdades de Cambridge, em 1929. Na obra, a autora reflete sobre as condições sociais da mulher e sua produção literária, bem como as dificuldades para que elas tenham uma posição de destaque e possam se expressar livremente, características ainda presentes nos dias de hoje. Virginia defende que a mulher precisa ter domínio sobre a sua vida e autonomia financeira para poder criar.
No período em que o livro foi publicado, Eva Klabin tinha apenas 25 anos, mas já praticava as verdades enunciadas pela autora britânica. Ao mesmo tempo que vivia intensamente suas viagens e estudos, ela também precisava de um espaço privado, um pedaço do mundo onde sua individualidade existisse isoladamente. Na casa da Lagoa - onde hoje funciona a Casa Museu - Eva reuniu peças vindas de civilizações e épocas diversas para conservá-las ao alcance dos olhos, no lugar onde vivia. O legado de Eva e Virginia permanece no fazer de cada artista, convidando a reflexões sobre as diferentes narrativas.
"No encontro da arte com tantos desejos e conquistas, celebremos a figura de mulheres que ousaram transgredir oferecendo à vida o que têm de mais íntimo e sagrado", complementa a curadora sobre as 14 artistas. São elas: Bel Barcellos, Carolina Kaastrup, Claudia Hersz, Daniela Mattos, Dora Smék, Julie Brasil, Karola Braga, Lyz Parayzo, Mariana Maia, Marlene Stamm, Panmela Castro, Patrizia D' Angello, Sani Guerra e Simone Cupello.
SERVIÇO
UMA CASA TODA SUA
Casa Museu Eva Klabin (Av. Epitácio Pessoa, 2480 - Lagoa)
até 23/6, de quarta a domingo (14h às 18h) | Entrada franca