Replicante e eterno
Estação NET Botafogo projeta na madrugada deste sábado um marco sci-fi da cultura pop: 'Blade Runner', de Ridley Scott
Por Rodrigo Fonseca
Especial para o Correio da Manhã
Preparando-se pra lançar "Napoleão", com Joaquin Phoenix no papel central, em novembro, o inglês Ridley Scott provou ao cinema que o futuro não é mais como era antigamente em 1982, quando lançou "Blade Runner: O Caçador de Androides", trazendo Harrison Ford como protagonista. A produção de US$ 30 milhões teve como base a prosa do americano Philip K. Dick (1928-1982) em "Do Androids Dream of Electric Sheep?", de 1968.
É uma trama sci-fi, sobre máquinas que acreditam ser gente e gente que age (e sente) como se fosse máquina. Scott dá a esse enredo uma abordagem de thriller noir, no qual tudo é ambíguo, a começar pela essência existencialista do vilão, Roy Batty, papel mais consagrado do ator holandês Rutger Hauer (1944-2019). Não por acaso o filme será a exibido às 23h59, pelo Estação NET Botafogo neste sábado na grade de uma retrospectiva repleta de detetives, femme fatales, becos esfumaçados e mistério.
Com uma bilheteria estimada em US$ 41 milhões à época de sua estreia (pouco para a forte expetativa da Warner Bros.), "Blade Runner" celebrizou uma estética conhecida como cyberpunk, mas carrega em seu visual e na conceituação de sua dramaturgia ecos do gênero celebrizado pelo Estação na Mostra Noir. É um caso de Neo Noir futurista. Caso que virou cult. Concorreu a dois Oscars, o que ampliou seu prestígio, indicado às estatuetas de Melhor Direção de Arte e Efeitos Visuais. As filmagens foram realizadas em locações na Califórnia e nos Estúdios Shepperton, na Inglaterra.
Ford vive Deckard, um rastreador cuja tarefa é perseguir e eliminar os integrantes de uma população de costrutos robóticos de feições humanas chamados de Replicantes. Há uma gangue deles na ativa na Los Angeles do século XXI, que parece saída de um episódio do desenho "Os Jetsons". Batty é o mais perigoso deles.
Dedicado hoje às filmagens de "Gladiador 2", com Pedro Pascal, Denzel Washington e Paul Mescal, Scott rodou "Blade Runner" à luz do fenômeno que foi seu longa anterior, "Alien, O 8. Passageiro" (1979). Não teve o mesmo êxito de público, mas emplacou um ensaio lírico sobre a existência que marcou a ficção científica, embalado na trilha sonora do grego Vangelis (1943-2022).
Em 2017, o diretor produziu uma sequência tardia do filme, "Blade Runner 2049", com Ford e Ryan Gosling. A direção foi de Denis villeneuve
Neste sábado, às 23h59, o Estação Botafogo vai projetar "OldBoy" (2004), de Park Chan-Wook, na mostra Noir.