Por: Rodrigo Fonseca (Especial para o Correio da Manhã)

Capitã Marvel para o alto e avante

Brie Larson assume a pele da Capitã Marvel, que também chega às bancas brasileiras em lançamentos da Panini | Foto: Divulgação

Virou a maré para os filmes de super-herói: o fracasso recente de "Besouro Azul" é uma das evidências de que o filão pode estar com os dias contados. Ainda assim, no dia 9 de novembro, a Disney lança pelo mundo afora "As Marvels", de olho em cifras altas. Por aqui, a Panini Comics está dando um apoio e tanto ao lançamento, ao levar às bancas e às gibiterias um novo compilado com as aventuras da Capitã Marvel, incluindo os artistas Carlos Gómez, Javier Pina, Kelly Thompson, Sergio Dávila, Torunn Grønbekk. Fora isso, a Disney Plus tem dado uma senhora visibilidade ao longa original da heroína.

Mesmo prejudicado com um nó de roteiro em seu terço inicial, quando a fotografia de Ben Davis custa a encontrar a luz precisa, "Capitã Marvel" se impõe como uma vigorosa jornada de formação para a mais poderosa vigilante da Disney e como um estandarte político para a batalha em prol do empoderamento feminino. Ganhadora do Oscar por "O quarto de Jack", em 2016, Brianne Sidonie Desaulniers, ou apenas Brie Larson, usa todo o ferramental gestual que tem para injetar humor, marra e poesia a uma mulher cuja memória foi triturada em meio à abdução pela raça alienígena Kree.

Orçado em US$ 175 milhões, o longa teve um faturamento de US$ 1,1 bilhão. Arrecadou mais alguns milhões com a venda de bonequinhos, em especial uma Barbie com as feições da Capitã.

Com uma figura tridimensional em suas mãos, a cineasta Anna Boden (de "Se Enlouquecer, Não Se Apaixone") e seu codiretor Ryan Kenneth Fleck (do filmaço "Half Nelson: Encurralados") investem num formato de aventura estelar semelhante à estética pop usada nos quadrinhos marvetes dos anos 1970. A direção segue os moldes do que o genial Roy Thomas, o pai da protagonista, idealizou, por exemplo, em "Warlock" e outras HQs de batalhas de super-heróis com ETs, nos confins da galáxia. É um momento fundamental da edificação da cultura pop, em que a indústria de gibis criou a centelha narrativa lisérgica do que viria a ser "Star Wars" e outras franquias. Mas há um tempero midiático a mais na direção: como a trama se ambienta na década de 1990, e tem elementos de espionagem, com a participação fundamental da agência de inteligência Shield, Anna e Fleck travaram um diálogo com toda a linhagem de filmes teen de espiões daqueles anos. E houve muita trama assim de 1992 a 1996 - tipo "Hackers", de Ian Softley, e "Sneakers - Quebra de sigilo", de Phil Alden Robinson - que servem de referência à luta da Capitã Carol Denvers (Brie) para entender por que motivos foi parar entre as estrelas, para ser treinada pelo Kree Yon-Rogg (Jude Law, impecável na criação de um guerreiro dúbio) a fim de combater a raça de transmorfos chamada Skurlls. Quem leu Marvel desde guri, odeia os Skrull sobre todas as coisas. Mas algo de novo acontece com esse povo neste filme, que deita e rola no carisma de Samuel L. Jackson (em estado de graça na pele do jovem Nick Fury, futuro líder da Shield) e da atriz Lashana Lynch, que vive a aviadora Maria Rambeau, amiga da Capitã.

Em "Marvels", Brie se junta com as atrizes Teyonah Parris e Ima Vellani numa série de perigos. Fury também está no elenco.

 

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