Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Erupção animada

Lançados originalmente como livros infantis, Ernesto e Celestina são cults da animação francesa | Foto: Divulgação

 

Dá pra importar via Amazon Prime - em Francês da Bélgica ou em Português lisboeta - um pacote de aventuras infanto-juvenis de uma dupla que fez muita criança europeia entender o significado mais lúdico da palavra "amizade": a ratinha Celestina e o urso grandalhão Ernesto, um sanfoneiro dos bons.

Tem pelo menos uns 15 títulos diferentes, derivados de um projeto editorial desenvolvido pela escritora belga Gabrielle Vincent (pseudônimo da artista plástica e romancista Monique Martin, nascida em 1928 e morta em 2000), a partir de 1981. Em 2012, esses dois bichos peraltas ganharam a telona, numa produção animada que vendeu 883 mil ingressos na França.

Houve uma sequência das peripécias cinematográficas deles em 2017 (de pouco alarde) e uma nova produção - esta, sim, muito bem-sucedida - lançada no ano passado em terras francesas. Esse novo desenho animado, "Ernest et Célestine: Le voyage en Charabie", pede passagem ao Festival Varilux com três sessões neste sábado, sempre às 14h: Espaço Itaú, Estação NET Gávea e Cinemark Downtwon é o circuito. Domingo, também às 14h, rola uma projeção dele no Estação NET Botafogo. Na quarta, feriadão, rola de vê-lo no Estação NET Rio.

"O mundo hoje tem novos valores, sobretudo na educação das crianças, que não devem ser julgados por cineastas como nós e, sim, serem bem explorados de modo a fomentar uma interação plena entre crianças e adultos", disse Julien Chheng, animadora que rodou o longa em duo com Jean-Christophe Roger, durante um papo com o Correio da Manhã no fórum Rendez-vous Avec Le Cinéma Français, em Paris, em janeiro.

Na trama, Ernesto leva sua amiguinha Celestina para visitar seu país de origem, Charabie, a fim de consertar seu violino quebrado. Esta terra exótica é o lar dos melhores instrumentistas do planeta e a música enche constantemente o ar de alegria. Porém, ao chegarem, os dois heróis descobrem que todas as formas de melodia foram proibidas no local, em decorrência de uma lei arbitrária.

"No universo desses personagens, Charabie é um novo país, uma terra na qual a canção caiu na ilegalidade e o uso de instrumentos musicais foi banido. O foco da trama, nesse mundo, é a perda da liberdade", diz Roger. "Existe uma voz ditatorial que passa a reger a vida nesse lugar. A tentativa de nossa trama é humanizar essa voz e entender o que a faz agir com autoritarismo".

Para os adultos

Depois de levar as crianças e adultos de coração primaveril para "A Viagem de Ernesto e Celestina", dê um pulinho no Cine Santa Teresa nesta sexta-feira (10), às 20h20, ou ao Estação NET Rio, às 21h05, para conferir "Culpa e Desejo" ("L'Été Dernier"), de Catherine Breillat. Um dos concorrentes à Palma de Ouro deste ano, este drama é um remake do filme escandinavo "Rainha de Copas" (2019), de May el-Toukhy, repaginado agora pela diretora de "Romance" (1999). Léa Drucker tem uma atuação impecável. Ela vive Anne, uma renomada advogada especializada em violência sexual contra menores. Ao conhecer o filho de 17 anos de seu atual parceiro, ela inicia um relacionamento com ele. Ao fazê-lo, corre o risco de pôr em risco a sua carreira e desmembrar a sua família. Tem mais uma leva de sessões dele neste fim de semana no domingo, no Estação NET Gávea (20h45), no Kinoplex Leblon (21h) e no Cinemark Downtown (21h40), com mais uma leva de projeções na semana que vem.

O Varilux 2023 segue até o dia 22 de novembro.

 

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