Por: Rodrigo Fonseca Especial para o Correio da Manhã

CRÍTICA / FILME / O LIVRO DA DISCÓRDIA | Este nem traça rói

O franco-argelino Ramzy Bedia vive um aspirante a autor | Foto: Divulgação

Se o seu programa desta sexta-feira for pegar um cineminha, vai de Festival Varilux: às 20h30, o Estação NET Botafogo abre sua telona grandona pruma delícia chamada "O Livro da Discórdia" ("Youssef Salem a du succès"), que periga ser "A" comédia francesa de 2023.

A direção é da atriz Baya Kasmi, que virou roteirista profissional e ganhou o César (espécie de Oscar da pátria de Truffaut) pelo script de "Le Nom Des Gens" (2011). Este é seu segundo longa como diretora e ela explora bem o humor sem perder foco da discussão sobre o fetiche de seus compatriotas pelas culturas que colonizaram História afora.

Mas o foco aqui é a decolonização, narrada com fina ironia e com o empenho pleno de Ramzy Bedia, parisiense de origem argelina.

Seu desempenho como Youssef Salem, um aspirante a autor best-seller, é cheio de nuanças. Salem é descendente de uma família de imigrantes da Argélia que vive em Port-de-Bouc, a 765,3 quilômetros de Paris. O conforto dessa distância permite que ele possa narrar as peripécias de seus parentes, sob pseudônimos, num romance que arriscou publicar, com o título de "Le Choc Toxique". Mas o êxito de sua prosa, coroada com o Prix Goncourt, notável honraria europeia, faz dele uma celebridade e atiça a curiosidade de seu clã por sua fama, sem que seu pai e suas irmãs saibam de tudo o que ele escancara.

Cheia de temperos agridoces (leia-se melodrama), a escrita de Baya ganha tons cálidos na luz dionisíaca da fotografia de Julien Roux. A montagem de Monica Coleman ressalta o ritmo.

Tem mais uma projeção do longa na segunda, às 18h40, no Estação NET Rio. (R. F.)

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.