Sou Saraceni de coração
Festival de Petrópolis realiza nesta sexta e sábado homenagens a um dos gênios da estética de invenção no Brasil que foi craque do Fluminense e fez gols em prol da poesia nas telas
A partir de sua arrancada perfumada a inclusão, com "Raoni - Uma amizade improvável", documentário dirigido por Jean-Pierre Dutilleux, exibido quinta-feira (23), o Festival de Petrópolis corrige uma indelicadeza histórica do nosso audiovisual ao prestar a homenagem póstuma que um de nossos mais delicados criadores de imagem tanto merecia e, até hoje, não teve: Paulo Cezar Saraceni (1932-2012).
Sem pedir licença à nossa saudade, ele se foi há onze anos, deixando em seu legado cults como "O Desafio" (1965) e "A Casa Assassinada" (1970), que escreveram seu nome no panteão de excelência de nossa produção cinematográfica. Realizado no Cine Show Petrópolis e no Centro de Cultura Raul de Leoni, o evento vai projetar algumas de suas pérolas.
Nesta sexta, às 14h, tem "O Viajante" (1998) e, no sábado, "Arraial do Cabo", de 1959 (curta laureado com o Prêmio Henri Langlois da Cinemateca Francesa), e "Ao Sul do Meu Corpo", que foi exibido na Berlinale em 1983.
Berlim se encantou com essa versão lúdica do conto "Duas Vezes Com Helena", escrito pelo crítico Paulo Emílio Sales Gomes (1916-1977), no livro "Três Mulheres de Três Pppês".
"Depois de oito anos de Festival de Cinema de Petrópolis, é uma alegria imensa homenagear o Paulo Cezar Saraceni, meu tio-avô, que era um grande artista, grande fazedor de movimentos, uma pessoa que sempre levantava a bandeira de afeto", diz Daniela Bressianini, uma das diretoras do evento.
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