Brilhando na streaminguesfera no Globoplay (com Jessie & Colombo" e "Casão - Num Jogo Sem Regras") e na Paramount ("Adriano Imperador"), Susanna Lira - uma das mais prolíficas documentaristas em atividade no país - leva ao Fest Aruanda, nesta terça-feira, um de seus trabalhos mais inquietos: "Nada Sobre Meu Pai". A sessão em João Pessoa será às 15h, no Manaíra Shopping, a sede da maratona cinéfila da Paraíba. É um ímã de lágrimas assegurado. Não surpreende nem pouco o fato de o comovente (e também eletrizante) longa de 1h33 ter se tornado "O" acontecimento do É Tudo Verdade 2023, no início deste ano. Em meio à sua alentada produção, num jorro de curtas, séries e longas, a realizadora de "Torre das Donzelas" (2018) vem evoluindo formalmente na construção de suas narrativas, estabelecendo-se como uma das mais potentes diretoras da América Latina. Ela hoje é prova viva (e ativa) de que, no audiovisual, quantidade gera, sim, qualidade - e das melhores. Em seu mais recente exercício autoral, Lira viaja pela América em busca do paradeiro de seu pai, um guerrilheiro equatoriano, que veio para o Brasil lutar contra a ditadura militar na década de 1970. Ela vai até Quito e expõe sua história para a imprensa equatoriana num road movie que exaspera plateias e se candidata a prêmios - e à posteridade, no elogio da crítica.
"Eu tenho tentado cada vez mais transgredir a estética documental, flertando com o imaginário dos personagens e, também, refletindo sobre o contexto histórico em que estão inseridos", disse a diretora ao Correio, à época do É Tudo Verdade. "O documentário é um lugar de experimentação de linguagem e tenho me permitido ousar com diversos recursos estéticos e narrativos. E o que alimenta essa estética é o estado constante de inquietação artística. O 'Nada Sobre Meu Pai' é meu décimo oitavo longa. Acho que cheguei na maioridade! Agora é tratar de ser uma adulta consciente que o cinema já me deu régua e compasso, e minha única missão é continuar filmando.