Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

México na mira do Oscar

'Tótem' acompanha o despertar da consciência de uma menina sobre a morte | Foto: Divulgação

Está agendado para 23 de janeiro o anúncio das indicações para o Oscar 2024 e há uma produção latino-americana que vem se destacando no boca a boca para a estatueta de Melhor Filme Internacional: "Tótem". Lançado na Berlinale, o drama mexicano mistura dor e encantamento, sob a direção de Lila Avilés.

Ela fincou a bandeira da América hispânica na disputa pelo Urso de Ouro de 2023, com uma mirada sobre a infância. Na Côte d'Azur, ela passou na seção Cannes Cinefilia, em salas paralelas, com ingressos à venda. Delicadeza é a palavra mais utilizada na fortuna crítica construída pelo drama rodado pela realizadora de "A Camareira" (2018).

Trata-se de um estudo sobre a vida em família a partir dos ritos de amadurecimento da pequena Sol (Naíma Sentíes). Na trama, a menina passa o dia na casa do avô, em meio à preparação de uma festa para seu pai. Mas algo sai errado ao longo do dia, revelando segredos daquele clã, fazendo Sol crescer... e brilhar.

Em Berlim, o júri oficial ignorou a produção, mas o Júri Ecumênico deu a Lila sua láurea anual. "Talvez as pessoas se incomodem com a carga de tristeza, mas é que eu tento mostrar o que há de mais animalesco na condição humana", disse Lila ao Correio em Berlim. "O trabalho mais custoso foi encontrar uma menina com a maturidade e sentido crítico, com senso de escuta para as nossas trocas. Cheguei a Naíma e encontrei uma força".

Afetada mais pela prosa literária do que por referências cinéfilas, na sua forma de pensar e de construir dramaturgia, Lila idealizou "Tótem" como um presente para sua filha. Avessa ao uso contínuo de música no set de filmagem e na tela, a diretora atribui parte da força sensorial de seu longa ao trabalho de engenharia de som. "Respeito muito o som dos ambientes e o que eles nos revelam", disse Lila.

 

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