Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Cor de rosa com detalhes em ouro

Barbie | Foto: Divulgação

Cobrada por falta de representatividade cultural em seu colegiado (outrora majoritariamente branco e heteronormativo) e ameaçada de cancelamento, a Hollywood Foreign Press Association (HFPA), entidade formada por correspondentes de impressa estrangeira em Los Angeles, promove mudanças em sua menina dos olhos, a cerimônia do Globo de Ouro.

Tudo começa pelo anúncio dos concorrentes, feito nesta segunda-feira (11). Os cults do ano ("Oppenheimer", "Assassinos da Lua das Flores", "Vidas Passadas") foram citados pelos apresentadores do rol de premiáveis.

Eles não esqueceram de citar os dois maiores blockbusters de 2023: "Barbie" e "Super Mario Bros". É importante ressaltar: a trama sobre a boneca mais famosa do mundo é a recordista de nomeações, brigando em nove frentes, à força do vigor estético de sua realizadora, Greta Gerwig. A obra-prima de Christopher Nolan sobre o criador da bomba atômica, J. Robert Oppenheimer é seu maior rival, candidatada a oito estatuetas. A entrega será no dia 7 de janeiro, no hotel Beverly Hilton, em Beverly Hills, que não terá brasileiros na sua concorrida luta por troféus de longas internacionais.

A inovação mais ousada da HFPA - para o gosto da crítica - foi a criação de uma categoria para valorizar campeões de bilheteria e narrativas pop calçadas na cinemática (jargão para a escrita do movimento, típica do cinema de ação). Nessa leva, foram valorizados hits como "John Wick 4", "Missão: Impossível - Acerto de Contas: Parte Um" e a aventura animada "Homem-Aranha: Através do Aranhaverso". Na arte de surpreender, o colegiado da associação abriu múltiplas frentes para uma produção egressa da França, que conquistou a Palma de Ouro em Cannes, em maio: "Anatomia de uma Queda", de Justine Triet. Grande vencedor do European Film Awards (o Oscar do Velho Mundo, no sábado), o suspense de tribunal foi indicado aos Globos de Melhor Filme (Drama), Roteiro, Atriz (Sandra Hüller) e Filme de Língua Não Inglesa.

Os demais competidores representam a Itália ("Eu, Capitão", de Matteo Garrone); a Coreia do Sul ("Vidas Passadas", de Celine Song); o Reino Unido ("Zona de Interesse", de Jonathan Glazer); e a Finlândia. O audiovisual finlandês se candidata - e bem - com o badalado "Folhas de Outono", de Aki Kaurismäki, já em cartaz no Rio, que valeu ainda uma indicação para sua estrela, Alma Pöysti. "Retratos Fantasmas", de Kleber Mendonça Filho, não teve espaço na associação dos correspondentes hollywoodianos.

O Japão também, não, mas a indústria cinematográfica nipônica goza de dois títulos na briga pelo Globo de melhor longa animado. Um deles, "Suzume", de Makoto Shinkai, disputou o Urso de Ouro, na Berlinale, em fevereiro. O outro, "O Rapaz e a Garça" ("The Boy and the Heron"), que marca a volta de Hayao Miyazaki (de "A Viagem de Chihiro") à direção, depois de um hiato de dez anos, ficou em primeiro lugar na lista das maiores bilheterias dos EUA, no fim de semana passado.

Uma das produções mais elogiadas entre as atrações em cartaz hoje no Brasil, o estonteante "Maestro", dirigido e estrelado por Bradley Cooper, com foco na vida do regente e compositor Leonard Bernstein, leva seu astro principal a brigar pelo Globo de Melhor Atuação Masculina de Drama e à láurea de Direção. Carey Mulligan também recebeu uma indicação, concorrendo ao prêmio de Melhor Atriz Dramática pelo longa, que estreia na Netflix no dia 20.

Entre todos os cineastas em confronto pelo Globo dourado de Melhor Direção, Martin Scorsese é quem mais tem chance de ser agraciado pela HFPA, pela relevância política e pela exuberância estética de "Assassinos da Lua das Flores" - no qual ele faz uma participação como ator. Seus dois musos, Leonardo DiCaprio e Robert De Niro, concorrem ao prêmio dos correspondentes.

 

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