Por: Pedro Sobreiro

CRÍTICA / CINEMA / QUEM FIZER, GANHA | Um gol para Taika Waititi

Taika Waititi dirige Michael Fassbender e Kaimana nos sets de 'Quem Fizer Ganha', dramédia esportiva que chega hoje aos cinemas | Foto: Hilary Bronwyn Gayle/SMPSP

Taika Waititi surgiu para o cinema mundial há quase uma década, quando suas comédias indie começaram a romper as barreiras da Austrália chegando a diferentes países e conquistando um grupo de fãs de seu estilo peculiar de humor e direção. Com o passar dos anos, ele chamou atenção da Marvel, que o convidou para salvar a franquia 'Thor', o que o credenciou a fazer projetos mais autorais, como o premiado 'Jojo Rabbit' (2019).

Entretanto, após a pandemia, o diretor parece ter perdido a mão e ainda não conseguiu emplacar um grande sucesso. Aquele estilo de humor que havia conquistado os fãs na década passada ficou repetitivo e agora ele pena para se reencontrar.

E depois do fracasso de crítica que foi 'Thor: Amor & Trovão' (2022), a impressão é que parte do público perdeu a paciência com o trabalho de Taika. Em meio a essas polêmicas, o diretor chega aos cinemas com sua nova empreitada, a dramédia esportiva "Quem Fizer, Ganha".

Inspirado em uma história real, o longa acompanha a seleção de futebol da Samoa Americana, a última equipe do ranking da FIFA, que detém o recorde da maior derrota da história dos jogos oficiais de futebol: um sofrido 31 x 0 ante a Austrália, nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002.

Dez anos depois, a seleção da ilha conseguiu ficar ainda pior. Então, para tentar a inédita classificação para a Copa do Mundo de 2014, eles passam a contar com a ajuda do controverso técnico holandês Thomas Rongen (Michael Fassbender), que vinha de uma punição pelo péssimo trabalho à frente da seleção dos EUA.

Thomas, um esquentadinho, chega com a missão de conseguir que o time faça ao menos um gol, enquanto tenta profissionalizar minimamente o futebol local.

Diante desse desafio e das diferenças culturais da ilha e do treinador, Taika faz valer seu estilo de humor expositivo, dando tempo de tela na construção das piadas e repetindo bastante as situações. Há momentos em que funciona muito bem, mas chega um ponto em que fica repetitivo, aí cansa um pouco.

A trama é redondinha e se apoia nos dramas pessoais dos jogadores mais exóticos do mundo, como um goleiro com sobrepeso, uma zagueira transexual, um volante que não consegue ficar sem dar carrinho e um presidente da federação que trabalha nas mais diversas funções da ilha, enquanto mostra o treinador tentando se adaptar a essa nova vida na Samoa Americana.

O problema é que os dramas pessoais do treinador são postos de lado. E como é tudo conduzido pela ótica de Thomas, é complicado acompanhar um personagem que pouco evolui ao longo da trama, tendo sua vida resolvida em seis minutos na reta final do filme. Ainda assim, o carisma dos jogadores, brilhantemente interpretados por atores em grande parte da Nova Zelândia e da Indonésia, cativa quem assiste.

No fim das contas, "Quem Fizer, Ganha" é uma comédia que tem seus momentos de brilho, mas sofre com uma direção que mais parece de alguém tentando fazer uma paródia do estilo que popularizou Taika Waititi no cinema mundial. E mesmo com esse ponto baixa, a história é tão boa e os personagens tão interessantes, que o filme consegue entreter e até mesmo arrancar algumas lágrimas inesperadas. É aquela típica aventura leve, estilo Sessão da Tarde, que não vai mudar a vida de ninguém, mas certamente vai divertir.

 

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