Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

A salvação vem dos mares com 'Aquaman' em cartaz

Ancorado na carisma de Jason Momoa, 'Aquaman' pode ser a sensação de bilheteria mundial neste fim de ano | Foto: Divulgação

Depois do retumbante fracasso de "As Marvels", precedido por desastres também com as recentes aventuras do Homem-Formiga e do Shazam, a hegemonia dos filmes de super-heróis sobre as bilheterias, em todo mundo, depende de "Aquaman 2: O Reino Perdido" para se salvar do desastre iminente. O longa-metragem entra em cartaz por aqui nesta quarta-feira (20) de olho nas plateias do feriadão natalino.

Objeto de chacota oceano afora, por sua versão animada, feita para o canal CBS de 1967 a 70, no qual singrava os mares montado num cavalo marinho e falava com os peixes, o vigilante subaquático da DC Comics deu a volta por cima e, neste fim de ano, pode garantir uma ceia farta para redes exibidoras de todo o planeta.

O carisma de seu intérprete, o galã havaiano Joseph Jason Namakaeha Momoa, pesa um bocado. Em 2018, a primeira vez em que ele protagonizou um longa solo do Senhor da Atlântida, a Warner Bros. contabilizou uma receita de US$ 1,1 bilhão. James Wan, cineasta autoral revelado com "Jogos Mortais" (2004), dirigiu a aventura original do monarca marinho. Com ela, provou aos estúdios ser um Midas também em superproduções sabor pipoca, e não só em thrillers de horror de baixo orçamento. Regressa agora com força para lotar salas mais uma vez, apoiado num trabalho irretocável da editora Panini Comics (que lança os títulos da DC em vários países, inclusive o Brasil), editando joias do personagem.

Tá chegando às bancas (e já está à venda no https://panini.com.br/) a graphic novel "Aquaman: Andrômeda". Ram V e Christian Ward são os quadrinistas por trás desse conto de terror de tom psicológico. A trama se ambienta no fundo do Oceano Pacífico, na distância mais longe possível de qualquer terra firme, onde fica o Ponto Nemo: o cemitério de naves espaciais. Desde o começo da corrida espacial, as nações do mundo enviavam suas naves para amerissar lá e afundarem no silencioso oceano. Mas há no Ponto Nemo uma estrutura que não foi feita por mãos humanas. E ela parece estar... despertando. A tripulação do submarino experimental Andrômeda, movido por um motor quântico secreto, foi escolhida para investigar esse mistério. Mas qualquer coisa de valor no fundo do mar atrai o pirata Arraia Negra. E tudo o que atrai o Arraia Negra atrai seu inimigo, Arthur Curry, o Aquaman.

Ao mesmo tempo, a Panini lança uma pérola: "Grandes Heróis DC: Os Novos 52 - Aquaman: As Profundezas". É uma narrativa de Geoff Johns desenhada pelo brasileiro Ivan Reis, no qual uma dimensão soturna chamada Fosso se abre, liberando forças malignas que só Curry pode deter.

Quem lê gibi vai se deleitar com esse material. Quem não lê, pode ver o primeiro "Aquaman" na HBO Max antes de encarar sua Parte II, "O Reino Perdido", para se besuntar na autoralidade de Wan. O enredo fala de vingança. Após fracassar em seu primeiro confronto com Aquaman (Momoa, dublado por Francisco Júnior), o já citado Arraia Negra (interpretado por Yahya Abdul-Mateen II), movido pela necessidade de vingar a morte de seu pai, não vai desistir enquanto não derrotar Aquaman de uma vez por todas. Agora mais temível do que nunca, Arraia Negra detém o poder do mítico Tridente Negro e sua ancestral força malévola. Para derrotá-lo, Aquaman recorrerá a seu irmão Orm, o ex-Rei da Atlântida, o vilão do longa anterior, ainda na prisão, para forjar uma aliança improvável. Nas raias da irascibilidade, esse personagem é encarnado por Patrick Wilson, ator fetiche de Wan.

Presente no universo DC desde sua participação em "Batman vs. Superman" (2016), Momoa deu contornos mais abusados para o justiceiro H2O que foi criado em 1941, por Paul Norris e Mort Weisinger, na edição número 73 do gibi "More Fun Comics". A dramaturgia carregada de cores dos quadrinhos originais foi se tornando mais soturnas ao longo dos anos 1980 e 90, e a leitura proposta por Wan seguiu nessa direção. O cineasta australiano de origem sino-malaia sedimentou sua reputação como sinônimo de blockbusters à frente da franquia "Invocação do Mal" (2003-2006). Estima-se que o realizador possa ser responsável por mais um faturamento bilionário a partir deste fim de semana. Fora do habitat do horror, Wan transformou o que deveria ser "mais um filme de super-herói" em uma fábula nos moldes de "Excalibur" (cult de John Boorman de 1981). Com seu estilo singular de representar o Mal, o cineasta pode salvar um gênero e provar que Aquaman é iguaria fina.

 

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